Um dos motivos de interesse para o clássico deste domingo será perceber quantas alterações aos onzes habituais serão feitas por Leonardo Jardim e Paulo Fonseca. Embora tenham em comum um saldo de duas finais perdidas, sem qualquer troféu conquistado, Sporting e FC Porto sempre seguiram abordagens diferentes para a prova. Os vários treinadores que passaram por Alvalade desde 2007 assumiram-na sempre como um dos objetivos da temporada. Já os técnicos com passagem pelo Dragão, de acordo com a estratégia de comunicação emanada de cima, foram sempre comedidos na planificação e análise dos jogos – e recusaram, por sistema, a conferência de imprensa de antevisão das partidas, habitual em jogos da Liga e da Taça e Portugal.

Não são precisas muitas pesquisas de arquivo para lembrar a forma como o FC Porto sempre subalternizou a Taça da Liga, quase sempre pela voz do seu presidente - e ainda antes do seu aparecimento, em 2007, quando o projeto era apenas uma ideia defendida pela direção de Hermínio Loureiro. E, no entanto, se os números confirmam essa tendência, é possível perceber que algo está a mudar na relação do dragão com a terceira prova da hierarquia nacional.

Vítor Pereira mudou a tradição

A forma secundária como o FC Porto encarou a Taça da Liga pode ser ilustrada pelo total de jogos em que apresentou uma equipa próxima da habitual (com seis ou mais elementos do onze base). Em 22 jogos na competição, apenas por 10 vezes os técnicos do FC Porto puseram em campo equipas maioritariamente composta por titulares – isto é, jogadores entre os 14 do plantel com mais tempo de utilização.

Mas a curiosidade reside no facto de sete desses jogos terem acontecido nas últimas duas temporadas, sendo cinco da época passada. Alvo de contestação interna, e com uma carreira na Europa aquém das expectativas, foi Vítor Pereira quem quebrou a tradição, se não pelas palavras, pelo menos com as escolhas para o onze, a darem um sinal reforçado de empenho na prova. E o facto de Paulo Fonseca viver circunstâncias semelhantes, nesta altura da temporada, reforça a convicção de que em Alvalade não deverá haver mais de duas ou três mexidas no onze habitual do FC Porto.

Desde 2007, o FC Porto disputou e perdeu três clássicos para a Taça da Liga: um com o Sporting e dois com o Benfica. Da primeira vez, utilizou uma equipa secundária, em Alvalade, sendo goleado por 4-1. Depois, na final de 2010 com o Benfica, apresentou praticamente a equipa na máxima força, mas não evitou uma derrota pesada por 3-0. Finalmente, na meia final de 2012, Vítor Pereira levou à Luz um onze com oito titulares habituais, mas não evitou a derrota por 3-2 diante dos encarnados.

FC Porto na Taça da Liga com mais de meia equipa titular

2007/08 0 jogos (fez 1)
2008/09 1 jogo (4)
2009/10 1 jogo (5)
2010/11 1 jogo (3)
2011/12 2 jogos (4)
2012/13 5 jogos (5)

Sporting nunca facilitou em clássicos

Já do lado do Sporting, a estratégia nunca mudou: os leões jogaram 26 vezes na taça da Liga, tendo apresentado, em 21 ocasiões, equipas próximas da máxima força, com pelo menos sete titulares habituais. Os leões, que chegaram à final da prova nas duas primeiras edições, têm vindo a diminuir a eficácia nas últimas épocas: duas meias-finais perdidas com o benfica, em 2010 e 2011, e, nos dois últimos anos, a eliminação na fase de grupos – mas sempre sem menosprezar a competição, no que se refere à poupança de titulares.

Nos quatro clássicos que fez para a Taça da Liga (uma vitória sobre o FC Porto e os três jogos com o Benfica) o Sporting apresentou sempre equipas próximas do melhor onze, e não é crível que Leonardo Jardim vá modificar substancialmente essa tradição - ainda para mais jogando perante o seu público, e tendo um calendário mais atenuado do que os adversários, por força da eliminação na Taça e da ausência nas competições europeias.

Sporting na Taça da Liga com mais de meia equipa titular

2007/08 6 jogos (em 7)
2008/09 3 jogos (5)
2009/10 4 jogos (4)
2010/11 3 jogos (4)
2011/12 3 jogos (3)
2012/13 2 jogos (3)