Será o duelo mais curioso do Clássico de domingo. Há poucos meses, seria impensável ver Nico Gaitán e Maxi Pereira em confronto direto num jogo de futebol. O cenário tornou-se real e terá como pano de fundo uma partida com intensa rivalidade: um FC Porto-Benfica.

O encontro do Dragão será naturalmente especial para Maxi Pereira, face ao reencontro com o Benfica, clube que representou entre 2007 e 2015. Depois de Luisão, o lateral uruguaio era o jogador com mais épocas de águia ao peito. Tudo mudou neste mercado de transferências.

Longe de imaginar o que iria acontecer, Nico Gaitán perspetivou em junho o duelo do próximo domingo. Questionado sobre o adversário mais difícil, em entrevista à BenficaTV, o argentino apontou para o amigo de sempre.

«Defesa mais dífcil? Acho que o Maxi. Nos treinos é o Maxi, lá não há faltas... Por isso, há vezes em que se torna difícil. Mas acho que o Maxi foi dos mais difíceis que já defrontei. Não num jogo, mas nos treinos foi dos mais difíceis.»

Neste domingo, Maxi Pereira deverá surgir no lado direito da defesa do FC Porto e terá pela frente Nico Gaitán, extremo esquerdo do Benfica. Um confronto direito entre o uruguaio que assinou pelo rival e o argentino que, não tendo saído do clube encarnado, está a demonstrar toda a sua qualidade neste arranque de temporada.
 
 

Uma foto publicada por Nico Gaitán (@nicogaitan) a


O inesperado duelo permitirá o reencontro entre dois jogadores que, tendo nacionalidades diferentes, desenvolveram uma relação de forte amizade desde 2010, quando Gaitán chegou a Portugal. O esquerdino reconheceu isso mesmo em entrevista à Mística, revista do Benfica, em abril deste ano.

«Maxi Pereira foi muito importante nessa parte e hoje em dia faz parte da família Eu tinha acabado de chegar e ele abriu-me as portas de casa. Ter conhecido o Maxi foi uma das melhores coisas que me aconteceu na vida. Todas as pessoas o conhecem pela raça que demonstra em campo, e a isso podem acrescentar humildade, respeito e sinceridade.»

O sentimento é mútuo e Gaitán é encarado como um «tio» pelos quatro filhos de Maxi Pereira, segundo explicou a esposa do lateral recentemente. No domingo, em pleno relvado do Dragão, a amizade terá de ficar em suspenso. De um lado, um dos defesas mais aguerridos da Liga. Do outro, um dos extremos mais criativos. Aceitam-se palpites.

Uma coisa é certa, de qualquer forma: a mudança para o rival ainda não foi completamente digerida pelos adeptos. Há alguns dias, Jonathan Rodríguez, dos quadros do Benfica, decidiu partilhar uma fotografia com Maxi nas redes sociais e surgiram tantos comentários negativos que o avançado uruguaio acabou por apagar a imagem.


 
«Maxi, como é que aguentas um campeonato sem ser expulso?»

A mudança de Maxi Pereira, em final de contrato, para o FC Porto fez correr muita tinta e o registo disciplinar do lateral continua a desencadear centenas de reações.

O tema chegou a ser comentado – como seria de esperar – no próprio balneário do Benfica. Rúben Amorim, após o apuramento dos encarnados para a final da Liga Europa em 2014, frente à Juventus, levantou a questão numa conversa animada. Eis o diálogo em pleno vôo, transmitido em direto pela Benfica TV:

Rúben: «Maxi, com tanta gente expulsa nos jogos do Benfica, como é que tu ficas sempre em campo?»

Maxi: «Assim vão pensar que é a sério, Rúben»

Rúben: «Não, é a sério... porque tu és um jogador agressivo em cada lance. Como é que tu aguentas um campeonato sem ser expulso?.. isto vai trazer problemas para o Benfica, eles vão cortar.»

Maxi: «Depois as pessoas falam…»


Ao lado de Maxi Pereira, como sempre, Nico Gaitán sorri e faz igualmente o sinal de «corta», mas a conversa animada já estava no ar (veja a partir de 2m50s).



Rúben Amorim, atual jogador do Al Wakrah (Qatar), cometou um erro. Nessa temporada, o lateral tinha sido expulso, por duplo amarelo, na 7ª jornada da Liga, frente ao Estoril. Na época seguinte, aí sim, esteve em 42 encontros, entre as várias competições, sem ver um cartão vermelho.

A diferença entre cartões vistos no Benfica e no FC Porto

Maxi Pereira fez a polémica viagem para a Invicta e conquistou com naturalidade o seu espaço no onze portista. Algo desgastado pelas curtas férias, como é habitual para o uruguaio, o lateral é totalista no FC Porto e viu quatro cartões amarelos – três no campeonato – até ao momento.

O número de cartolinas motivou alguns comentários de adeptos azuis e brancos, considerando que havia uma diferença clara em relação ao período em que Maxi representou o Benfica.

Comparando a época atual e a passada, percebe-se que o internacional uruguaio chegou a esta fase, em 2014/15, com três cartões em seis jogos (Supertaça, três na Liga e um na Liga dos Campeões). No campeonato foram dois amarelos em quatro jornadas.

Ao serviço do FC Porto, Maxi Pereira foi admoestado por quatro vezes em cinco jogos (quatro na Liga, um na Liga dos Campeões).

Resumindo: observando os números da Liga, o lateral viu três cartões em quatro jornadas como dragão, contra dois cartões em quatro jornadas pelas águias, na temporada passada. A diferença não é considerável.

No total, foram 15 cartões amarelos (11 no campeonato) na última época com a camisola do Benfica. Neste domingo, disputará o primeiro clássico do outro lado da barricada.