Foi uma meia-final que se prolongou por 78 dias, uma história com vários capítulos paralelos pelo meio. A memória desses embates continua bem presente.
Jorge Jesus é a constante na equação e algo mudou desta a vitória do Benfica no Dragão (0-2) e a louca reviravolta no Estádio da Luz: 1-3 para o FC Porto de André Villas-Boas.
Desta vez, os papéis estão invertidos. Num futebol português onde a conquista do campeonato é essencial para a satisfação dos adeptos, a moral está em alta no clube encarnado.
Para o FC Porto – como seria para o Benfica em 2011 – a Taça de Portugal é um objetivo paralelo que ganhou força perante a inusitada perda de fulgor na Liga.
Os 5-0 e a liderança segura na Liga
2 de fevereiro de 2011. O FC Porto tem uma liderança segura na Liga (onze pontos de vantagem sobre o Benfica, com mais um jogo realizado), passou a fase de grupos da Liga Europa e vem de um empate frente ao Gil Vicente que ditou o afastamento da Taça da Liga.
A época iniciara com um triunfo frente ao Benfica (2-0) e a conquista da Supertaça de Portugal. Os dragões de André Villas-Boas chegavam ao clássico com entusiasmo.
O Benfica de Jorge Jesus sentia que o objetivo principal – o campeonato – estava em risco e agarrava-se às taças. Estava ainda em quatro frentes: passara a fase de grupos da Liga Europa, enfrentava o FC Porto para a Taça e ia encarar o Sporting nas meias-finais da Taça da Liga.
A goleada no clássico anterior no Dragão (5-0) continuava bem presente e o favoritismo, face às circunstâncias, pendia claramente para o lado azul e branco. Puro engano.
Fábio Coentrão e Javi García garantiram uma vantagem importante no recinto portista e nem a expulsão do lateral ao minuto 59 serviu para alterar o rumo do encontro.
«Sabíamos que ia ser complicado, um clássico é sempre assim e o FC Porto estava por cima, numa boa fase. Mas entrámos bem, chegámos ao 0-2 e fizemos um grande jogo», recorda César Peixoto, à Maisfutebol Total.
O atual jogador do Gil Vicente foi titular nesses dois clássicos de 2011 para a Taça. «Mesmo com dez jogadores, conseguimos segurar a vantagem. A equipa esteve sempre unida e foi uma vitória justa. Acho que poucos esperavam aquele 0-2, talvez um empate ou a diferença mínima, mas provámos o nosso valor naquela noite», acrescenta o esquerdino.
FC Porto: Helton; Sapunaru, Maicon, Rolando e Sereno (Rúben Micael, 80m); Fernando, Belluschi (Guarín, 84m) e João Moutinho; Varela, Hulk e James Rodriguez (Cristian Rodriguez, 46m).
Benfica: Júlio César; Maxi Pereira, Luisão, Sidnei e Fábio Coentrão; Salvio, Javi Garcia, César Peixoto (Airton, 88m) e Gaitán (Jara, 92m); Saviola (Aimar, 68m) e Cardozo.
Resultado final: 0-2, por Fábio Coentrão (6m) e Javi García (26m)
O choque na Luz depois do apagão
A 20 de abril de 2014, mais de dois meses após a primeira mão, o Estádio da Luz recebeu o jogo decisivo das meias-finais da Taça de Portugal.
Nessa altura, o título já estava entregue ao FC Porto. Uma vitória naquele mesmo palco, no início do mês, deixara o Benfica para lá do horizonte. Esse clássico ficou marcado pelo apagão e a rega no final.
Chegava a hora da Taça. Com 27 jornadas realizadas, os dragões tinham 19 pontos de vantagem sobre os encarnados na Liga e preparavam os embates com o Villarreal nas meias-finais da Liga Europa.
O Benfica, por seu turno, iria disputar a final da Taça da Liga frente ao Paços de Ferreira e as meias-finais da Liga Europa com o Sp. Braga.
Contas feitas, o FC Porto tinha dois títulos assegurados e outros dois em perspetiva, enquanto a equipa da Luz estava em três frentes, ainda sem sucesso garantido.
A Taça de Portugal seria o espaço ideal para a vingança encarnada (nessa altura, não se sabia quem ia a Dublin). Porém, Jorge Jesus assistiu a uma reviravolta épica.
FC Porto: Helton; Sapunaru, Maicon, Rolando e Sereno (Rúben Micael, 80m); Fernando, Belluschi (Guarín, 84m) e João Moutinho; Varela, Hulk e James Rodriguez (Cristian Rodriguez, 46m).
Benfica: Júlio César; Maxi Pereira, Luisão, Sidnei e Fábio Coentrão; Salvio, Javi Garcia, César Peixoto (Airton, 88m) e Gaitán (Jara, 92m); Saviola (Aimar, 68m) e Cardozo.
Resultado final: 0-2, por Fábio Coentrão (6m) e Javi García (26m)
O choque na Luz depois do apagão
A 20 de abril de 2014, mais de dois meses após a primeira mão, o Estádio da Luz recebeu o jogo decisivo das meias-finais da Taça de Portugal.
Nessa altura, o título já estava entregue ao FC Porto. Uma vitória naquele mesmo palco, no início do mês, deixara o Benfica para lá do horizonte. Esse clássico ficou marcado pelo apagão e a rega no final.
Chegava a hora da Taça. Com 27 jornadas realizadas, os dragões tinham 19 pontos de vantagem sobre os encarnados na Liga e preparavam os embates com o Villarreal nas meias-finais da Liga Europa.
O Benfica, por seu turno, iria disputar a final da Taça da Liga frente ao Paços de Ferreira e as meias-finais da Liga Europa com o Sp. Braga.
Contas feitas, o FC Porto tinha dois títulos assegurados e outros dois em perspetiva, enquanto a equipa da Luz estava em três frentes, ainda sem sucesso garantido.
A Taça de Portugal seria o espaço ideal para a vingança encarnada (nessa altura, não se sabia quem ia a Dublin). Porém, Jorge Jesus assistiu a uma reviravolta épica.
«O clássico tem sempre resultado incerto. O Porto vinha sem pressão e não nos pensava pela cabeça que acontecesse o que aconteceu. Foi algo insconciente, mas se calhar facilitámos um pouco», explica César Peixoto.
Ao intervalo, o nulo beneficiava o Benfica. Porém, João Moutinho abriu caminho para o triunfo azul e branco, construído em dez minutos (Hulk e Falcao levaram o FC Porto ao 0-3). Cardozo ainda reduziu na marcação de um castigo máximo mas não evitou novo choque no Estádio da Luz.
Há um par de meses, Rolando desvendou o segredo da reviravolta: o discurso de Villas-Boas ao intervalo. «Entra o mister Villas-Boas e diz-nos: ’malta, quero todos tranquilos. Vamos colocar a nossa linha defensiva na linha do meio-campo, pressionar muito e fazer o primeiro golo, o segundo e o terceiro. Se vocês confiam em mim, façam o que eu vos digo e ganhamos’».
«' Se o primeiro golo aparecer, eles tremem. Tranquilos, ganharemos por três e vamos ao Jamor’. Depois de marcarmos o primeiro, sentimos todos que aquilo ia mesmo acontecer. E aconteceu», recordou o central, em entrevista ao Maisfutebol.
O FC Porto vingou a derrota do Dragão e sorriu novamente frente ao Benfica: contra os encarnados, conquistou a Supertaça, garantiu o título e até o acesso à final da Taça de Portugal.
«Aquela foi uma noite para esquecer, ou para lembrar. Foi algo que se calhar acontece de 20 em 20 anos. O FC Porto também teve a sorte do jogo e acabou por virar a eliminatória. Ainda custou mais que a derrota para a Liga! Seria uma forma de vingar esse momento mas tornou-se ainda pior», desabafa César Peixoto.
Benfica: Júlio César; Maxi Pereira, Luisão, Jardel e Fábio Coentrão; Franco Jara (Aimar, 78m), Carlos Martins, Javi Garcia (Kardec, 86m) e César Peixoto (Weldon, 89m); Saviola e Cardozo.
FC Porto: Beto; Sapunaru (Sereno, 87m, Rolando, Otamendi e Alvaro Pereira; Ruben Micael (James Rodriguez, 62m), Fernando e João Moutinho; Hulk, Falcao e Cristian Rodriguez (Varela, 75m).
Resultado final: 1-3, por João Moutinho (64m); Hulk, 72m; Falcao (74m) e Cardozo (80m g.p.)
O que aconteceu, quem sobra e a nova ordem
O Benfica viria a conquistar a Taça da Liga mas falhou o acesso à final da Liga Europa, caindo perante o Sp. Braga. Seria o FC Porto a vencer a final portuguesa em Dublin, graças a um tento solitário de Falcao. A formação azul e branca levantaria ainda a Taça de Portugal, após uma goleada frente ao V. Guimarães (6-2).
Quatro troféus para André Villas-Boas, um para Jorge Jesus.
Helton, Maicon, Fernando e Varela são os quatro resistentes do FC Porto, contra sete do Benfica: Maxi Pereira, Luisão, Jardel, Salvio, Ruben Amorim, Gaitán e Cardozo. Muito mudou em três anos.
Nesta quarta-feira há um novo duelo e o Benfica surge por cima. «O Benfica respira saúde e penso que vai chegar com naturalidade ao título. Jorge Jesus está a gerir melhor o desgaste dos jogadores e a equipa também está mais consciente, sabe dar espetáculo mas também sabe quando travar para descansar. Isso é mérito do treinador e dos jogadores. O plantel também tem muita qualidade», considera César Peixoto.
Benfica: Júlio César; Maxi Pereira, Luisão, Jardel e Fábio Coentrão; Franco Jara (Aimar, 78m), Carlos Martins, Javi Garcia (Kardec, 86m) e César Peixoto (Weldon, 89m); Saviola e Cardozo.
FC Porto: Beto; Sapunaru (Sereno, 87m, Rolando, Otamendi e Alvaro Pereira; Ruben Micael (James Rodriguez, 62m), Fernando e João Moutinho; Hulk, Falcao e Cristian Rodriguez (Varela, 75m).
Resultado final: 1-3, por João Moutinho (64m); Hulk, 72m; Falcao (74m) e Cardozo (80m g.p.)
O que aconteceu, quem sobra e a nova ordem
O Benfica viria a conquistar a Taça da Liga mas falhou o acesso à final da Liga Europa, caindo perante o Sp. Braga. Seria o FC Porto a vencer a final portuguesa em Dublin, graças a um tento solitário de Falcao. A formação azul e branca levantaria ainda a Taça de Portugal, após uma goleada frente ao V. Guimarães (6-2).
Quatro troféus para André Villas-Boas, um para Jorge Jesus.
Helton, Maicon, Fernando e Varela são os quatro resistentes do FC Porto, contra sete do Benfica: Maxi Pereira, Luisão, Jardel, Salvio, Ruben Amorim, Gaitán e Cardozo. Muito mudou em três anos.
Nesta quarta-feira há um novo duelo e o Benfica surge por cima. «O Benfica respira saúde e penso que vai chegar com naturalidade ao título. Jorge Jesus está a gerir melhor o desgaste dos jogadores e a equipa também está mais consciente, sabe dar espetáculo mas também sabe quando travar para descansar. Isso é mérito do treinador e dos jogadores. O plantel também tem muita qualidade», considera César Peixoto.
Tal como em 2011, os dois clubes disputam ainda a Liga Europa. Para além disso, têm encontro marcado nas meias-finais da Taça da Liga, se o recurso apresentado pelo Sporting não tiver provimento.
No limite, poderemos chegar aos sete clássicos na época 2013/14, se dragões e águias se encontrarem na antecâmara da final da Liga Europa, que será realizada em Turim.
O FC Porto procura outros caminhos para a sua felicidade, já que o campeonato parece definitivamente perdido para o Benfica. Até agora, conquistou o único título atribuído: a Supertaça (ainda com Paulo Fonseca).
No limite, poderemos chegar aos sete clássicos na época 2013/14, se dragões e águias se encontrarem na antecâmara da final da Liga Europa, que será realizada em Turim.
O FC Porto procura outros caminhos para a sua felicidade, já que o campeonato parece definitivamente perdido para o Benfica. Até agora, conquistou o único título atribuído: a Supertaça (ainda com Paulo Fonseca).
«O Porto está habituado a vencer, só a vencer. Quando isso não acontece, as coisas complicam-se. Já mudou de treinador e procura agora a estabilidade. Desta vez, será o Porto a ver a Taça como uma possível vingança, algo para fazer com que a época não seja tão má, já que para mim não deve conseguir mesmo chegar ao título», remata Peixoto, que representou os dois emblemas.
Jorge Jesus sonha com o cenário perfeito: quatro troféus de uma assentada. A hipótese está em aberto, com o Benfica a lutar por Campeonato, Taça, Taça da Liga e Liga Europa. Para a Liga, já venceu o FC Porto (2-0). E assim, encara com maior entusiasmo este regresso ao Estádio do Dragão, mais de dez meses após a última visita, onde Kelvin alterou a história da Liga 2012/13.
Jorge Jesus sonha com o cenário perfeito: quatro troféus de uma assentada. A hipótese está em aberto, com o Benfica a lutar por Campeonato, Taça, Taça da Liga e Liga Europa. Para a Liga, já venceu o FC Porto (2-0). E assim, encara com maior entusiasmo este regresso ao Estádio do Dragão, mais de dez meses após a última visita, onde Kelvin alterou a história da Liga 2012/13.
Such a powerful pic of Jorge Jesus brought to his knees by Porto's late win v Benfica http://t.co/EjzbPlSngK pic.twitter.com/FIVDQ86KnI
— James Dart (@James_Dart)
12 maio 2013
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