Não há forma de esquecer. A imagem é obstinada, surge sem aviso, inunda a memória. Clayton de bola impregnada no pé esquerdo, em cavalgada furiosa, uma tropelia dos céus. De adversário em adversário até ao golo na baliza do Hertha de Berlim. 21 de Março de 2000, noite de Liga dos Campeões.

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O agora reforço do Serrano SC, lado a lado com Pena, não hesita. Desafiado pelo Maisfutebol a escolher o melhor momento no futebol português, a resposta é convicta. «Esse jogo em Berlim é inesquecível. Entrei uns minutos antes e arranquei essa jogada brilhante. Tenho saudades de tudo e de todos. Foram oito anos inesquecíveis em Portugal», reage Clayton.

«Penso nos meus antigos colegas e vejo-os em grandes cargos. O Domingos, o Jorge Costa, o Costinha, até o Antero Henrique que agora lidera o futebol no Porto. Nunca me esquecerei de tudo o que as pessoas me deram no F.C. Porto, no Sporting, no V. Guimarães e no Penafiel.»

Clayton mantém uma residência no Montijo e pretende voltar «todos os anos a Portugal». As histórias «são mais do que muitas». Uma boa forma de ajudar o filho a adormecer à noite. «Conto-lhe que joguei com o Cristiano Ronaldo três meses e que tive o grandioso Deco como colega de equipa. Fiz muitas amizades, até com o José Mourinho.»

Clayton e Pena reunidos no Serrano SC

O esquerdino trabalhou um ano e meio com o Special One e participou na conquista da Taça UEFA em 2003. «Ainda fiz um golo de calcanhar ao Denizlispor e marquei ao Sporting na final da taça. Reencontrei o Mourinho no Chipre e a reacção dele foi inacreditável. Fui jantar com ele ao hotel onde estava o Inter, levou o meu filho ao balneário e deu-lhe uma camisola. Isso fica para sempre.»

«Substituí Jardel sem saber nada do mundo»

No Verão de 2000, Super Mário Jardel partiu para Istambul e deixou o F.C. Porto sem goleador. Pena veio substituí-lo. Uma tarefa hercúlea, embora exemplarmente cumprida na primeira época do avançado em Portugal.

«Fui logo o artilheiro do campeonato. Não imaginava uma coisa dessas. Saí do interior da Bahía, sem saber nada do mundo, e fui substituir o Jardel. Foi um prazer jogar no Porto e também no Sp. Braga e no Marítimo.»

Pena passou «por alguns maus momentos» e só esteve duas temporadas no Estádio das Antas. O tempo tudo cicatrizou. «Prefiro recordar-me de um golo na final da Taça de Portugal [2-0 ao Marítimo em 2001, Alenitchev fez o outro], do meu primeiro golo na Liga dos Campeões [ao Rosenborg, em Trondheim] e de uma noite fantástica em Nantes para a Taça UEFA [derrota 2-1, golo de Pena e F.C. Porto em frente].»

Uma década depois, Clayton e Pena reúnem forças no ataque do Serrano SC. É uma aventura bem real, embora impulsionada pela fantasia de um passado a dois na Europa.

Um golo de Pena ao Sporting: