A dúvida mantém-se: Quim ou Rui Nereu, qual deles será o titular na baliza do Benfica frente ao Rio Ave? Cleiton, uma das pedras basilares da equipa vila-condense, tem no pontapé de longa distância um forte atributo que pode garantir golos nas situações menos esperadas. O brasileiro arrisca de pé esquerdo. «Quando o guarda-redes é menos experiente, as dificuldades diminuem. Mas não posso pensar em quem vai jogar, tenho de pensar em mim, tenho de trabalhar o meu remate para fazer golos», explica ao Maisfutebol.
Figura-chave no esquema do Rio Ave, Cleiton já marcou dois golos na presente temporada, distinguindo-se também pela sua facilidade de passe. Mas os lances de bola parada são um trunfo que raramente desperdiça («é um dom, é algo que nasceu comigo») tal é a força do seu pontapé. «Quando jogava no Qatar, na época 2001/02, marquei um golo num sítio onde nunca pensei ter força para colocar a bola na baliza. A bola fez um arco e enganou o guarda-redes. Nunca marquei um golo assim¿»
A receita pode acontecer novamente no Estádio da Luz: «Vou tentar rematar sempre que possa, vou rematar de longe, é assim que costumo fazer em todos os jogos». Para surpreender o guarda-redes do Benfica, seja Rui Nereu ou Quim. A dúvida mantém-se. «Mas será complicado. No futebol costuma dizer-se que a melhor defesa é o ataque, de facto, o Benfica tem uma equipa muito consistente atrás e também muito forte na frente. Porque ataca bem e também defende bem».
Mas isso não irá inibir a forma de jogar do Rio Ave, um conjunto que costuma praticar bom futebol frente aos grandes e até empatou na Luz, na época passada, num jogo marcado pela emotividade. «Vamos procurar a vitória. O nosso pensamento é sempre esse. Não podemos ter medo, portanto, vamos atacar, apesar do adversário nos merecer respeito. Mas antes do Benfica, há a nossa equipa. A nossa equipa chama-se Rio Ave. Primeiro, estará sempre o Rio Ave, o nosso pensamento passa pela vitória, depois estará o Benfica».
Experiência enriquecedora no Qatar
Cleiton tem 25 anos, nasceu na Bahia, no Brasil, começou a jogar futebol aos nove anos. «Fui contratado pelas categorias de base do Goiás e foi aí onde me tornei profissional». Estava dado o primeiro passo para o actual extremo esquerdo do Rio Ave alcançar outros voos. Depois, foi para o Qatar, em 2001/02, onde representou o Al Arabi: «Foi uma experiência muito enriquecedora, evolui como futebolista, mas foi estranho». E porquê? «Para eles, o futebol não é uma prioridade. Às vezes, fazíamos treinos só com três, quatro jogadores, mas no dia dos jogos apareciam todos».
Há ainda outro episódio que recorda com um sorriso: «Havia treinos em que certos jogadores viam o treinador a colocar os mecos para a sessão física e iam embora. Simplesmente, não treinavam». A experiência durou um ano. «Houve mudanças na Direcção do clube, apercebi-me que não ia renovar contrato e regressei ao Brasil». Cleiton assinou pelo Vila Nova, onde permaneceu duas temporadas, antes de chegar a acordo com o Grémio Inhumense, propriedade do empresário português António Teixeira. «Aí apercebi-me que podia vir para Portugal». Até que chegou o Rio Ave, onde se sente «muito feliz».