Fundado a 6 de Maio de 1925, reza a história que o nome «Andorinha» surgiu na sequência de um remate de um jogador da formação de Santo António que terá seguido a trajetória de uma dessas aves tão características da primavera. E foi aí, nesse pequeno clube do Funchal com as andorinhas como padroeiras, que Cristiano Ronaldo fez o seu batismo de voo arrancando para uma viagem que o levou nos dias de hoje ao Mundial do Brasil como o melhor jogador do mundo.

Nascido na maior freguesia da ilha da Madeira (Santo António tem uma população superior a trinta mil habitantes), o Clube de Futebol Andorinha foi sempre uma coletividade modesta e, pese embora tenha cumprido recentemente o seu 89º aniversário, permaneceu grande parte da sua vida no anonimato; algo que viria a mudar com a ascensão meteorítica do seu mais famoso pupilo: Cristiano Ronaldo.

Com um passado de décadas a deambular pelos campeonatos regionais, o Andorinha recebeu o astro português pela mão do seu pai, Dinis Aveiro, roupeiro que dedicou toda uma vida à formação do clube da sua terra. O petiz com queda para o futebol tinha somente 6 anos.

Cristiano Ronaldo no seu primeiro clube - o Andorinha FC da Madeira photo cristiano_ronaldo_no_Andorinha_da_m.jpg

José Bacelar é o atual presidente da coletividade que deu a primeira oportunidade ao que é hoje o melhor do mundo. E há muito que conhece o filho de Dolores e Dinis Aveiro. «Conheço o Ronaldo desde miúdo. Na altura, eu era treinador do Andorinha», diz ao Maisfutebol o dirigente, que atribui ao capitão de equipa na altura «a grande responsabilidade por aquilo que Ronaldo é hoje».

O capitão dessa equipa é o padrinho de Cristiano Ronaldo. E foi ainda no Andorinha que Fernão Sousa se tornou, além de capitão da equipa sénior do Andorinha, padrinho de batismo de Cristiano Ronaldo. Tudo com o futebol pelo meio. Literalmente. «Jogámos na Ribeira Brava e, no final, viemos a correr para o batizado», recorda José Bacelar.

Para o presidente do Andorinha é quase inacreditável o que aconteceu com Ronaldo, já que as (inexistentes) condições do clube eram pouco propícias à aposta nas camadas jovens: “Nada era como é hoje. Não tínhamos sede nem campo.» «O Ronaldo começou a treinar onde é hoje a avenida da Madalena, num espaço em brita. Nas férias, dada a excelente relação que tinha com o pai, acompanhava-nos para o Liceu [Campo Adelino Rodrigues] e lá ficava connosco até à meia-noite.».

Ronaldo com a Familia no Funchal photo cristiano_ronaldo_crianca_familia_d.jpg


Foi até aos 9 anos de idade que Cristiano Ronaldo esteve no Andorinha. Depois, bateu as asas. Para o primeiro de mais altos voos. Marítimo e Nacional já cobiçavam a pequena estrela. A guerra
pelo diamante
foi ganha pelos alvi-negros
.

Já ao serviço do Nacional, Cristiano Ronaldo não só foi mostrando o talento que o faria continuar a subir cada vez mais alto, como já exibia a personalidade de nº1 que todos lhe reconhecem hoje. «Ele era pequenino, franzino, poderia dizer até raquítico, pese embora nunca tenha passado fome, mas já nessa altura demonstrava o caráter que tem hoje. Num jogo, já pelo Nacional, havia um miúdo que era maior que ele, mais forte, mais pesado... A certa, altura o Ronaldo olhou para ele com uma certa arrogância e dizsse Oh puto, dá cá a bola!
», conta José Bacelar concluindo que, «já nessa altura se via que ele tinha confiança nas suas capacidades, que sabia que podia resolver».

CR7 em Manchester fez voar alto


Sem sequer possuir um campo de futebol, algo que só aconteceu já no ano de 2002, a equipa de Santo António descobriu o puto maravilha
, mas na realidade acabou por não usufruir do seu talento, mesmo que nunca tenha deixado de seguir com atenção os passos que Ronaldo ia dando já na formação do Sporting.

A ascensão do Andorinha haveria de acontecer com a transferência de Ronaldo para o Manchester United, já que as verbas recebidas pela sua formação constituíram um importante desafogo para um clube com algum ecletismo: já contou com diversas modalidades, de onde se destacam o Andebol, o Atletismo e o Badminton (tendo ganho alguma notoriedade nesta última modalidade).

Com a embalagem apanhada pela ida do CR7 para Manchester, não é de estranhar que em 2010/2011 o Andorinha estivesse a disputar o então denominado Campeonato Nacional da II Divisão B, quando ainda em 2006/2007 disputava a II Divisão Regional, numa ascensão de quatro escalões em quatro anos, contabilizando dois títulos regionais e um da III Divisão.

Com a crise instalada no país, o Andorinha acabou por também não ficar imune ao que se mostrou com força especial na Madeira sentindo na pele os problemas financeiros. E acabou por voltar à I Divisão Regional, que atualmente corresponde ao último escalão do futebol local.

«Dragon Force Madeira»


O fenómeno Cristiano Ronaldo, que um pouco por todo o mundo faz sonhar as crianças em um dia conseguirem ser como o seu ídolo, não passou despercebido ao FC Porto, que em 2011 lança uma parceria com o Andorinha para o lançamento da «Dragon Force Madeira».

O projeto surgiu na expetativa de um dia se poder encontrar mais um talento da dimensão daquele que fez voar o nome do Andorinha, da Madeira e de Portugal para o topo do mundo.

Contando com mais de meia centena de atletas, a «Dragon Force» no Andorinha concentra as suas atenções nos escalões mais jovens, nomeadamente sub-7, sub-9 e sub-11 sob o lema «Joga e Sorri», começando já a dar cartas a este nível com a conquista de diversos troféus.
Poderá daqui surgir um novo Ronaldo?