Ainda está dar os primeiros passos, foi fundado há pouco mais de meio ano, mas já começa a assumir-se como uma referência desportiva e acima de tudo cultural na zona este de Braga. Desde 4 de março de 2014 o Espinho Ativo lança alicerces para ser um dos principais pontos dinamizadores de uma população carenciada deste tipo de atividades.

A MF Total foi até ao alto do Sameiro, de onde paredes meias com o conhecido santuário religioso se deita o olhar sobre a cidade de Braga. Pertencente à cidade dos arcebispos, mas distante do centro e já numa zona limítrofe do concelho situa-se a freguesia de Espinho.

Freguesia que serve de sede ao já referido ponto turístico e religioso, o Santuário do Sameiro. Provavelmente conhecido e reconhecido por todo o país, mas que esconde uma situação cultural e associativa pobre e pouco desenvolvida.

«Eu olhava para esta freguesia e via que não tinha nada para os nossos filhos. Olhava para a minha filha e via que não havia nada para os jovens se desenvolverem», referiu Micael Barardo à nossa revista.

«Surgiu a vontade de criar algo novo»

Nasceu então um novo clube, erguido de raiz para dar a vida que faltava a Espinho e não só. Um Clube e de Bairro, portanto. Micael Barardo é o presidente da Associação Social, Cultural e Desportiva Espinho Ativo, que tem como principal pilar neste seu arranque a prática de futsal.

O responsável máximo e grande impulsionador do clube dá a conhecer a história do Espinho Ativo: «Como não havia nada para os jovens se desenvolverem reuni com amigos e com pessoal jovem da freguesia e sugeri fazer uma equipa de futsal. Não há nada nestas freguesias aderentes e surgiu a vontade de criar algo novo».

O vendedor de 33 anos refere-se a freguesias aderentes porque rapidamente o projeto extravasou a freguesia de Espinho. Sem recinto desportivo, os jogos disputam-se no Pavilhão Desportivo de Sobreposta, que é o nome da freguesia vizinha, que também se associou ao clube. Pedralva completa o trio de freguesias que apoiam o Espinho Ativo.



Mas, mesmo tratando-se de um clube que quase se pode dizer que está sedeado em três freguesias, as dificuldades não deixam de existir.

«Temos vários problemas: somos três freguesias com pouca população, estamos um pouco longe do centro da cidade e tem emigrado muita gente. Mas, mesmo assim, estamos a tentar chegar a toda a população. E partimos muita pedra», conta o presidente frisando que «há uma rivalidade considerável entre as três freguesias». «Mas, nesta altura, estou satisfeito porque as pessoas já começam a pôr de lado essa rivalidade. Neste momento, temos cerca de quarenta associados sendo esta uma das vertentes na qual queremos apostar. No jogo de apresentação penso que muita gente de Sobreposta veio ver o encontro», afirma entusiasmado Micael Barardo.

«Foram precisas muitas lágrimas e muita choradeira»

Ultrapassadas as principais dissidências, foi altura de deitar mãos à obra e erguer o clube, com todos os pormenores que lhe estão inerentes. Equipamentos, símbolo e até o próprio nome tiveram de ser pensados.

«A aposta neste nome surgiu em conjunto com a Junta. Queríamos que fosse algo ligado à freguesia porque esta estava completamente morta. E como não havia nada que movimentasse a freguesia o clube ficou com o nome Ativo», explica Micael Barardo.

Branco, azul e dourado são as principais cores do Espinho Ativo. O presidente da associação recorda como foi arquitetado o símbolo: «Começámos a fazer um desenho aqui, uns rabiscos dum símbolo acolá e, depois, um grande amigo nosso, que é designer e tem muito jeito para isto, apresentou-nos meia dúzia de emblemas. Achámos que esta junção de cores e este emblema é uma coisa diferente. Foi aceite por unanimidade pela associação».



Cumpridas as formalidades, passou-se à parte mais complicada: passar o símbolo do papel para os equipamentos; ou seja, dar vida e cor aos projetos pensados anteriormente. Uma tarefa que não se adivinhou fácil e que continua a apresentar dificuldades a cada tarefa.

«Nesta fase, temos muitas dificuldades em arranjar patrocinadores. Trata-se de um clube que ninguém conhece e está a ser um trabalho árduo. Espero que os resultados nos possam ajudar nessa área», diz Micael Barardo com um sorriso nos lábios.

O mesmo sorriso com que revela que foram precisas muitas lágrimas para conseguir os principais materiais para a prática do futsal: «As juntas de freguesia e alguns patrocinadores, a quem agradecemos, deram-nos uma ajuda. Apenas com muito sacrifício nosso conseguimos arranjar equipamentos de treino, equipamentos de jogo – e são precisos um principal e um alternativo. E até as próprias bolas... Foi preciso muita lágrima e muita choradeira para conseguir isso».

Irmãos Xavier constituem a equipa técnica

Já há bolas, já há equipamentos e o plantel está formado. Aliás, o Espinho Ativo já se encontra em competição. Mas também a formação do plantel se fez igualmente com enormes dificuldades e obrigado a um desvio das ideias iniciais.

«Quando tínhamos a estrutura já montada fomos falar com o Miguel Xavier e com o Hélio Xavier para fazerem parte da nossa equipa técnica. O projeto inicial passava por formar o plantel com jogadores da freguesia, mas foi difícil conseguir isso. Então, começámos a alargar... Temos uma carrinha e vamos a Braga buscar alguns jogadores», atirou o presidente.

Miguel Xavier é o treinador da equipa sénior do Espinho Ativo, ele que é um bancário de 41 anos e habitante da freguesia de Espinho. Entrou pelo projeto dentro mesmo não tendo qualquer experiência como treinador. E não foi sozinho, arrastou outro Xavier, o seu irmão Hélio, para fazer parte da equipa técnica como treinador de guarda-redes. E que, ao mesmo tempo, se for necessário, também se põe entre os postes.

«O que me levou a aceitar este projeto foi, em primeiro lugar, as pessoas que me convidaram e a força com que acreditaram nas nossas capacidades para com poucos recursos criar um clube de raiz. Não tenho experiência como treinador, mas sobra-me paixão pelo futsal tendo, inclusive, sido praticante durante muitos anos. Acabei por arrastar também o meu irmão para técnico-adjunto, pois também ele tem conhecimento sobre a modalidade», referiu o técnico estreante à nossa revista.

Miguel Xavier prossegue o seu raciocínio: «Um dos nossos principais objetivos é unir jovens das três freguesias para formá-los enquanto jogadores de futsal. Depois, a curto e médio-prazo, queremos construir uma equipa sénior competitiva e lutar pelos lugares cimeiros».



Para este primeiro ano, porém, os objetivos são mais modestos. «No Espinho Ativo não temos muita capacidade financeira. É o nosso primeiro ano. Mas uma coisa eu sei: atletas, dirigentes e técnicos, todos temos uma mística e alma muito forte para fazer um bom trabalho e a melhor classificação possível. Toda a gente faz enormes sacrifícios para andar nisto…», conclui Miguel Xavier informando ao mesmo tempo que os treinos começaram em fevereiro com várias experiências e vários avanços e recuos na composição do plantel.

A «Porqueira» leva-os a todo o lado

Está dado o mote e a estrutura está montada. O Espinho Ativo já realizou dois jogos oficiais: perdeu na estreia por duas bolas a zero diante do Fafe Futsal, a contar para a Taça da AF Braga, e foi igualmente derrotado por oito bolas a uma diante do Covense na ronda inaugural do Campeonato da AF Braga de Futsal.

Segue-se agora o primeiro jogo fora de portas. O primeiro em que o Espinho Ativo vai deslocar-se na «Porqueira», a velhinha carrinha do clube que os leva a todo o lado. Para já, no clube, há apenas um problema com a máquina de lavar, que faz com que tenham de fazer esforços redobrados na lavagem dos equipamentos.

Mas sem nada, entretanto, que tire motivação ao primeiro plantel do clube. Eles não sabem muito bem onde querem chegar, não traçam metas a nível desportivo. Mas têm o objetivo de criar todos os escalões de formação para «formar jogadores de futsal e formar pessoas».

A Junta de Freguesia de Espinho agradece através do secretário Filipe Alves: «Já há bastante tempo que fazia falta uma organização deste género. Serve para animar os jovens, não só daqui da freguesia, mas também das freguesias que se localizam aqui mais perto, como Sobreposta e Pedralva. Dinamiza os jovens, motiva-os e mantém-nos ocupados, o que é importante. Esperamos que este projeto cresça, sustentadamente, sem grandes ilusões, mas para elevar o nome da freguesia e também ocupar os jovens».



A fotografia captada pela objetiva da MF Total fica para a história como a primeira formação da Associação Espinho Ativo. E aqui fica a composição do clube:

EQUIPA: Paulo, Fábio, Hélio Xavier, Ruben, Aguiar, Gabina, João Paulo, Zinho, Araújo, Carlos, Rui, Pedro Miguel, João Pedro, Dinis, Julien e João.
TREINADOR: Miguel Xavier
TREINADOR-ADJUNTO: Araújo
TREINADOR DE GUARDA-REDES: Hélio Xavier
PRESIDENTE Micael Barardo 
DIRETORES: Pedro Rodrigues e Dinis
ROUPEIRO: Carlos
MASSAGISTA: Olga