Algo está a mudar no futebol brasileiro.

A pujança da economia do Brasil, que nos últimos anos tem mostrado crescimentos na ordem dos quatro por cento ao ano, tem permitido uma melhoria sustentada dos clubes, da sua capacidade de contratar, da sua estrutura organizativa, até mesmo da possibilidade de aguentar os seus melhores valores (apesar do assédio dos grandes europeus).

Não se trata de uma tendência generalizada, é claro. Continua a haver enormes problemas, como alguns atrasos na preparação do Mundial-2014 denunciam. Há clubes que continuam a mostrar uma desorganização interna crónica, dívidas excessivas, má gestão.

Mas os casos de sucesso vão crescendo. O principal deles é, evidentemente, o Corinthians. O Timão foi campeão do Mundo de clubes em dezembro de 2012, superiorizando-se ao Chelsea na final de Yokohama, num Mundial que voltou a demonstrar a superioridade euro/sul-americana no plano futebolístico.

Também no ano passado, o clube paulista acumulou o título mundial com a vitória na Libertadores. E aproveitou a onda para se assumir como o clube brasileiro que faturou, em 2012, em receitas televisivas, patrocínios, merchandising e publicidade.

Além de ostentar os títulos internacionais a nível desportivo, o Timão é, por isso, o «clube mais valioso do Brasil», apesar de ainda não ter chegado ao nível do Flamengo, no plano do apoio popular.

Como é que isto foi possível? Bruno Furtado, jornalista do portal «Super Esportes», sediado em Belo Horizonte, Minas Gerais, explica ao Futebol Brasil: «O Corinthians apostou fortes no Marketing, na organização, nos «media»¿ É hoje o clube brasileiro com melhor imprensa, com melhor imagem. E com tudo isso atrai mais investimento e mais receitas».

A aposta em Alexandre Pato, contratado ao AC Milan dias depois da conquista do título mundial, por 15 milhões de euros, foi o corolário desta política corintiana. Duma assentada, o Corinthians apostou no regresso de uma das grandes promessas dos últimos anos no Brasil, com apenas 23 anos e já há cinco na ribalta mundial, com imagem forte, capaz de atrair atenções mediáticas e gerar receitas publicitárias.

«É um novo tipo de aposta para um clube brasileiro, sem dúvida. Durante anos, os clubes brasileiros limitavam-se a vender para a Europa os seus melhores valores e não se preocupavam com a gestão, a organização, a imagem. As coisas estão a mudar», nota Bruno Furtado.

O jornalista do «Super Esportes» elenca quatro ou cinco grandes motivos para esta mudança ter sido possível: «Maior profissionalização dos dirigentes; receitas TV; investimentos das maiores empresas brasileiras no retorno que o futebol dá; mudança de mentalidades buscando uma maior preocupação na gestão e na organização».

Mas convém não exagerarmos: o Brasil é sempre o Brasil. País de sol, praia, caipirinha, mulheres bonitas e muita descontração. «Continua a haver má gestão em vários clubes, mas diria que isso deixou de ser dominante», reforça Bruno Furtado.