«Preparação» e «intuição» são conceitos fundamentais para ter êxito na arbitragem, mas também na gestão, defendeu Pierluigi Collina, antigo árbitro internacional e uma referência no futebol, que esteve esta quinta-feira em Lisboa com o objectivo de participar num seminário subordinado ao tema Liderança e Tomada de Decisões sob Pressão.
Frente a uma plateia recheada de executivos, Collina mostrou as semelhanças entre a actividade dos árbitros e dos gestores, que, curiosamente, se revelaram mais interessados no que acontece dentro das quatro linhas. Arbitragem portuguesa, critérios de decisão, novas tecnologias, mulheres a apitar jogos de ligas principais e até a candidatura conjunta de Portugal e Espanha ao Mundial 2018 foram perguntas com (mais ou menos) resposta.
«Não é inteligente duplicar um erro. A única forma de lidar com o erro é esquecer. Não se podem equilibrar as coisas, compensar a outra equipa não ajuda, traz mais erros», respondeu Collina a um dos presentes, que procurava explicação para a dualidade de critérios.
«Nunca tive a pressão de superiores ou lobbies. Por exemplo, você é árbitro, entra em campo e decide em função do que alguém lhe diz. Fica satisfeito por tomar uma decisão que o envergonhe? Pensa que os árbitros são masoquistas e gostam de tomar decisões que os envergonhem? Nunca!», garantiu, ainda, o antigo árbitro.
«Benquerença é um árbitro muito respeitado na Europa»
O recurso à tecnologia foi tema abordado com cautela por Collina, porque, explicou, enquanto membro da Comissão de Arbitragem da UEFA e consultor da Associação Italiana de Árbitros de Futebol, a sua opinião pessoal nunca pode ser separada da profissional.
«Em 1997 disse, em nome da classe, e reforço o 1997, que não somos contra a utilização de algo que possa ajudar os árbitros, desde que não interfira na capacidade do árbitro. Se não é possível treinar uma determinada situação, não somos contra o uso da tecnologia desde que seja 100 por cento infalível», considerou.
Questionado sobre a ausência de representantes portugueses nas grandes competições, Collina discordou que tal seja por falta de qualidade. «Participei em vários torneios com Vítor Pereira. Não é verdade que haja falta de árbitros portugueses nas grandes provas. Mas estas têm um número restrito de vagas. Benquerença é um árbitro muito respeitado e bem conhecido na Europa», argumentou.