Impossível não dedicar esta crónica ao Vitória Sport Clube.

Sexta presença do Vitória numa final da Taça de Portugal. Perante um adversário mais forte seriam poucos os que, com exceção das pessoas de Guimarães, acreditavam numa vitória. Pois bem, esta equipa jovem, de miúdos com qualidade, foi para a final como jogou toda a época. Com a lição bem estudada, sem medos e com a convicção de que podia lutar até ao fim. E foi isso que se passou.

Nunca deixou de acreditar que era possível vencer, mesmo depois de estar em desvantagem. Entregou-se com alma e vontade de ficar na história. E ficou. Conseguiu-o por mérito dos jogadores, que nunca desistiram. Gostei de os ouvir falar no final, com a alegria estampada no rosto e vivendo um momento único na história do clube. Todos eles referiram, entre outras coisas, os adeptos como parte importante do sucesso. É realmente fantástico o apoio que os vitorianos dão à sua equipa e como se manifestaram no Jamor. Esta equipa tem atrás de si uma legião de adeptos apaixonados, uma cidade inteira que os envolve, que vibra e apoia e isso tem sido visível ao longo dos anos e nomeadamente em momentos difíceis.

Para mim, que joguei quatro anos em Guimarães e me orgulho de ter pertencido e feito parte da história deste clube, gostei de ver o Vitória celebrar uma conquista merecida. A primeira da sua história.

Para os jogadores, subir a escadaria, receber as medalhas e levantar a Taça foram momentos inesquecíveis que eles bem mereceram viver. Já aqui tinha escrito a 23 de Outubro de 2012, quais os desafios que o Vitória iria ter pela frente. A coragem, a determinação e a competência de quem dirige são fundamentais para se atingir o sucesso.

Uma palavra para o Presidente Júlio Mendes, que não conheço e que já aqui tinha referido a propósito de uma entrevista que deu em setembro último, alertando para a vida difícil do seu Vitória. Foi preciso coragem para concorrer às eleições e mais ainda para tentar resolver e continuar a lidar com os problemas (que ainda não acabaram) de um clube em dificuldades. Um mandato sem descanso e que se sabe será difícil. Mas como deve estar feliz por ver a sua equipa a trilhar um caminho seguro, sustentado e já com sucesso. Para Júlio Mendes ter ficado com Rui Vitória foi uma das melhores decisões que tomou. Escolheu alguém que tinha feito um bom trabalho na temporada anterior e que foi um parceiro na luta, nas escolhas e nas dificuldades. Não há direcção que tenha sucesso se não tiver no treinador e na equipa os aliados para juntos trilharem um caminho.

Rui Vitória reconstruiu a equipa, acreditou em alguns jovens e foi devagar marcando o seu terreno. As coisas começaram a correr bem e em Janeiro foi obrigado a mexer mais uma vez na equipa. Sem queixas ou lamúrias, sabia das dificuldades desde o início mas isso tornava o desafio ainda mais aliciante, mais motivador porque o sucesso alcançado desta forma dá uma satisfação e um orgulho que não consegue ser medido. O que Rui Vitória conseguiu faz dele, no meu ponto de vista, o principal artífice desta conquista.

Liderar, motivar, conseguir que os jogadores se alheassem dos problemas financeiros vividos, encaminhá-los para o trabalho diário tentando que eles pensassem apenas naquela hora e meia de trabalho. Como deve ter sido difícil! No final do jogo referiu isso mesmo. «Só eu e os jogadores é que sabemos o que passamos». A verdade é que conseguiu e o compromisso que ele estabeleceu com a equipa e com os jogadores foi o que os manteve juntos, na busca da história. A recompensa chegou no final do dia no Vale do Jamor.

Parabéns Rui Vitória.

Parabéns Alex (em representação de todos os jogadores).

Parabéns ao Vitória Sport Clube.