A queda do Real Madrid, pela sexta vez consecutiva, nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões não foi perdoada pela imprensa espanhola, que arrasou os merengues, sobretudo o treinador chileno Manuel Pellegrini, nas suas primeiras páginas. Nas ruas, os adeptos respondem com a afluência às bancas e rostos fechados, mas outros há que exclamam «Olympique» ou buzinam nas imediações do estádio.
Também no Santiago Bernabéu, o túnel foi foco de incidentes na noite europeia, com alguns jogadores da casa e do Lyon, vencedor das duas mãos, a trocarem insultos e empurrões. Disso mesmo dá conta o diário Marca, um dos mais duros nas críticas aos galácticos.
No final, foram alguns dos envolvidos a contar o que se passou no acesso aos balneários. Tudo terá começado quando o guarda-redes suplente dos franceses, Remy Vercoutre, festejou de forma insultuosa a eliminação dos merengues, algo que Guti, Sergio Ramos e Higuaín não deixaram passar despercebido. Só a rápida intervenção do maliano Mahamadou Diarra, ex-Lyon, evitou o pior, separando os jogadores. O Lyon lamentou que a imprensa os tivesse humilhado antes do jogo dizendo que iam perder no mínimo por três golos, enquanto da parte do Real Madrid esperavam mais respeito no final.
Ainda na Marca, destaque para o ataque do assessor de Kaká e da sua mulher a Manuel Pellegrini, a quem chamaram de cobarde e incompetente, por ter substituído o médio brasileiro.
No AS, Jorge Valdano, director desportivo do Real Madrid, pede contenção nas críticas a Manuel Pellegrini, que tem sabido fazer o seu trabalho apesar de viver em «permanente contestação». O técnico chileno assumiu a responsabilidade da eliminação, mas garantiu estar firme no cargo e na liga espanhola.
Na Catalunha, o Sport dedicou toda a sua primeira página a humilhar o Real Madrid e acentuar as principais feridas. A «falência do presidente Florentino», com 300 milhões de euros para recuperar; a «sentença de Pellegrini»; a humilhação de Cristiano Ronaldo, que «prometeu todos os títulos e já perdeu dois»; e um problema chamado Kaká, por ter saído do campo «a insultar o treinador».
O Mundo Deportivo fala em «petardazo» no Bernabéu e num «projecto faraónico de Florentino Pérez» que não evitou a queda nos oitavos-de-final pela sexta vez.
Os diários generalistas são mais sóbrios nas críticas ao Real Madrid e a Manuel Pellegrini, como é o caso do El País, a lembrar que «o futebol não tem preço». Na chamada de primeira página, alusão apenas à derrota e ao fim «do grande objectivo do projecto de Florentino Pérez».
«A grande projecto, grande hecatombe» é a análise do El Mundo, sobre a despedida da liga milionária, o grande objectivo dos galácticos na presente época, a par do campeonato nacional.
No meio das críticas, que atingem ainda jogadores como Higuaín, Cristiano Ronaldo, a mais cara contratação do Real Madrid, escapa à ira, estando o seu desalento espelhado em todas as publicações.