MrDheo apresentou a Mario Balotelli uma chuteiras personalizadas que surpreenderam o jogador. O italiano sugeriu «Balo is back» e o número 45, o português fez o resto. Sim, MrDheo é português.

O artista oriundo do Porto foi desenvolvendo alguns projetos relacionados com o futebol ao longo dos últimos anos. Em novembro de 2012, por exemplo, foi convidado para a Primeira Bienal de Arte Urbana de Cali e teve como tela um dos muros exteriores do Estádio Pascual Guerrero, onde joga o America de Cali.

No espaço surgiu um mural de Radamel Falcao. «Achei que faria sentido homenagear um jogador que admiro e que marcou o meu clube, e simultaneamente estaria a homenagear o futebol local e todos os Colombianos. Felizmente teve uma repercussão gigantesca e até inesperada.»

«O jogador partilhou-o nas redes sociais, a comunicação social colombiana deu visibilidade ao trabalho durante semanas e ainda hoje recebo contactos de Colombianos a felicitar-me pelo trabalho e a agradecer o facto de o ter feito, o que é a melhor recompensa possível nesta área», explica MrDheo ao Maisfutebol.

Trata-se, claro está, de um adepto do F.C. Porto: «Sou sócio do F.C.Porto mas não associo propriamente a afiliação clubística ao gosto pelo futebol. Ou seja, apesar de ser um adepto ferrenho do meu clube gosto do jogo por si só e de tudo aquilo que o envolve, sempre gostei e fui inclusive federado durante 10 anos.»

«O resto ficou por minha conta»

Mas voltemos às chuteiras de Balotelli, o projeto mais recente que está a circular com insistência pelas redes sociais. «Obviamente que grande parte da decoração é - felizmente - fruto da liberdade criativa que me concedem mas faço questão de ouvir primeiro as ideias deles, até porque o objectivo, como é natural, é que fiquem do seu total agrado no final.»

«Neste caso específico o Balotelli sugeriu a frase Balo is back e o número 45, e o resto ficou por minha conta. O padrão camuflado foi, por exemplo, uma das coisas que ele não estava à espera», confessa.

O padrão camuflado permite a Balotelli ter umas chuteiras iguais ao seu carro. Há ainda um S de Super-Homem. O avançado ficou satisfeito com o produto final. Contudo, não espere ver estas chuteiras num qualquer relvado da Serie A de Itália.

«A finalidade deste tipo de trabalho não é a sua utilização em campo. As chuteiras são totalmente decoradas a spray e é um trabalho 100% manual, pelo que apesar de terem sempre um acabamento que protege a pintura, a sua utilização num jogo de futebol iria desgastá-la. O objetivo é tornar as chuteiras quase num objeto de decoração, um produto exclusivo para os jogadores guardarem, por exemplo, ao lado dos troféus que tem em casa», explica MrDheo.

«Faço graffiti há cerca de treze anos»

O artista português apareceu no radar futebolístico em 2010, quando apresentou umas chuteiras personalizadas para o embate do F.C. Porto com o Arsenal. Seguiram-se outros projetos ao longo dos últimos anos, espaçados e com críticas positivas.

«Essa foi uma ideia minha e do Departamento de Marketing do F.C.Porto. As chuteiras foram oferecidas ao Arsenal no jogo de grupos da Liga dos Campeões desse ano», recorda.

MrDheo, de qualquer forma, não concentra o seu trabalho no fenómeno desportivo. «O meu trabalho em termos de graffiti é, fora do âmbito profissional, um trabalho mais interventivo, de crítica social. Faço graffiti há cerca de treze anos e as coisas foram surgindo naturalmente, até ao ponto em que percebi que poderia fazê-lo profissionalmente, mantendo na mesma as minhas filosofias e respeitando a essência desta forma de expressão.»

«À medida que ia evoluindo nos trabalhos de rua as empresas e marcas iam ganhando interesse e entravam em contacto comigo. O currículo cresce, a visibilidade também, e tive a sorte de conquistar reconhecimento internacional, o que me permitiu ter estado em 12 cidades além-fronteiras até à data», remata o artista.