Apenas 39 por cento dos jogadores convocados ou pré-convocados para o Mundial atuam nas Ligas das suas seleções – e se o critério tiver em conta o tempo de utilização nas eliminatórias e em jogos oficiais nos últimos dois anos, esse valor desce para cerca de um terço do total. Esta é uma das conclusões mais significativas de um estudo efetuado pelo Centro Internacional de Estudos no Desporto (CIES) junto das 32 seleções apuradas.

Numa altura em que 20 selecionadores têm ainda nomes por cortar, há 836 jogadores ainda na corrida, para um total de 736 vagas finais. Desses, 121 (14,5% do total) provêm do futebol inglês, que tem a maior fatia, à frente da Série A (97) da Liga alemã (90), da espanhola (70) e da francesa (52). Ao todo, mais de metade dos futebolistas escolhidos (430 em 836,ou 51 por cento do total) atuam nas chamadas Ligas top-5 – Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França.

Destas cinco seleções, Inglaterra (22 em 23 convocados atuam na Premier League) e Itália (27 em 30 pré-convocados são da Série A) são os mais «nacionalistas» na escolha dos jogadores. Aliás,a Inglaterra foi mesmo a única seleção apurada para o Brasil a cumprir a fase de qualificação integralmente com jogadores de clubes domésticos. No pólo oposto, as seleções da Costa do Marfim e Camarões fizeram toda a campanha de apuramento sem um único jogador das ligas nacionais, e Uruguai, Bélgica, Bósnia e Ganha ficaram perto desse registo, com menos de 5% do total de minutos entregue à prata da casa.

De entre as Ligas mais fortes, Alemanha (19 em 26) e Espanha (17 em 30) têm maior presença de jogadores estrangeirados. Já a França é exceção a esta regra: tem apenas um terço dos convocados (oito em 23) a atuar em clubes domésticos, exatamente a mesma proporção registada nos 23 escolhidos por Paulo Bento para Portugal.

A Liga portuguesa tem, nesta altura, ainda antes dos últimos cortes, 23 representantes em nove seleções que vão estar no Brasil: o FC Porto tem nove (incluindo Fucile, que está de saída), o Benfica cinco e o Sporting quatro, o Sp. Braga três, Académica e Sp. Covilhã, um cada. Além de Portugal, as seleções de Argélia, Argentina, Bélgica, Colombia, México, França, Irão e Uruguai têm jogadores que atuaram nos relvados lusos na época que agora termina. Um número respeitável, mas que ainda fica atrás do atingido pela Liga turca (25) cuja seleção nem sequer está qualificada para o Mundial.

Além de Espanha, Itália, Inglaterra e Alemanha, só as seleções de Irão, México, Rússia e Holanda têm maioria de jogadores a atuar nos campeonatos nacionais, com destaque para a pujante Liga russa, com 24 dos 25 pré-convocados por Fabio Capello, além de maisdez jogadores distribuídos por outras seleções.