*Enviado-especial ao Brasil

Ainda a meio da primeira jornada, e com metade das equipas fora de cena, os primeiros jogos deste Mundial já proporcionaram mais reviravoltas no marcador (cinco) do que os 64 da edição anterior, na África do Sul (quatro) 

As «viradas» completas – isto é, uma equipa que ganha o seu jogo depois de estar a perder – são um fenómeno relativamente raro: em média acontecem apenas uma vez em cada sete jogos (107 em 780 jogos, até este domingo). Mas neste Mundial têm acontecido jogo sim, jogo não, no Brasil-Croácia, Espanha-Holanda, Uruguai-Costa Rica, Costa do Marfim-Japão e, agora, no Suíça-Equador.

O dado pode, em parte, ser explicado pela frequência de golos marcados nos primeiros minutos: isto tem obrigado as equipas a desmontarem cedo as estratégias de contenção que, nas últimas fases finais, foram regra até à última jornada da fase de grupos.

Até ao momento, o único jogo sem golos na primeira parte foi o México-Camarões (1-0), não por acaso o encontro com menos golos da prova, ainda que com «ajuda» de erros de arbitragem.Nas quatro reviravoltas consumadas até este domingo, o destaque vai para a primeira, do Brasil, sublinhando a tendência canarinha para dar a volta a marcadores desfavoráveis: foi a 15ª vez em todos os Mundiais que a seleção brasileira ganhou um jogo em que esteve a perder. O cenário oposto, o Brasil perder um jogo que esteve a ganhar, só aconteceu por três vezes. Nem a Alemanha, que tem fama e proveito de mudar desfechos nos minutos finais, apresenta um saldo tão positivo: os alemães já conseguiram 13 reviravoltas, mas consentiram seis aos seus adversários.

A seleção portuguesa, por seu lado, nunca se deixou derrotar, nem empatar, em Mundiais, num jogo em que estivesse em vantagem – e tem do seu lado uma das maiores reviravoltas em Campeonatos do Mundo, os 5-3 à Coreia do Norte, com quatro golos de Eusébio, em 1966, depois de uma desvantagem de 0-3. Nos 780 jogos de Mundiais, só outra equipa conseguiu feito semelhante: a Áustria, em 1954, deu a volta a uma desvantagem de três golos para vencer a Suíça por 7-5.

Em média, na história dos Mundiais, e descontando os jogos que terminam 0-0, a equipa que marca o primeiro golo vence 71% das vezes, registando-se ainda 15% de empates e somente 14% de reviravoltas completas. Desta vez, no Brasil, a tendência está a ser outra – e essa é uma das chaves para estarmos a ter o arranque de Mundial mais espectacular dos últimos largos anos.