Cada ditador ou regime totalitário tem uma obsessão doentia por obras arquitectónicas magnânimes. As edificações servem como instrumento de inculcação ideológica e são, na sua esmagadora maioria, essencialmente cenográficas e, claro, impostas pelo Estado.

Adolf Hitler encomendou ao arquitecto Albert Speer a Chancelaria do Reich, por exemplo. António Oliveira Salazar mostrou ao planeta o Padrão dos Descobrimentos e o Jardim da Praça do Império em 1940, por ocasião da Grande Exposição do Mundo Português.

Na Coreia do Norte não é diferente. Kim Jong-Il despreza os pensamentos contrários mas rejubila perante a imponência de uma estrutura. Não admira, portanto, que o maior estádio do mundo se localize em Pyongyang. Tem 150 mil lugares sentados e foi inaugurado em 1 de Maio de 1989, ainda no jugo de Kim Il-Sung, pai do actual Querido Líder.

A barbárie em pleno século XXI

O Estádio May Day recebe alguns jogos de futebol (essencialmente da selecção) e acolhe outros eventos de menor interesse. Pelo menos para os que não admiram, por aí além, Kim Jong-Il.

O exército norte-coreano faz várias paradas públicas na pista que circula o relvado e várias comemorações alusivas à história do regime são realizadas ali. O aniversário do falecido Kim Il-Sung continua a ser relembrado ano após ano, em espectáculos que envolvem mais de 100 mil figurantes. Impressionante, de facto.

Mas o recinto é também lamentavelmente conhecido pelas frequentes execuções públicas dos inimigos do Estado. Estas execuções, segundo os relatos de vários órgãos de comunicação social estrangeiros, acontecem frequentemente.

No final de 1990, alguns generais das Forças Armadas foram queimados vivos depois de terem falhado um atentado que visava terminar com a vida de Kim Jong-Il.



Mais recentemente, em Setembro de 2007, um empresário soçobrou a um pelotão de fuzilamento, comprovado que foi o seu crime: vários telefonemas para o estrangeiro, algo completamente proibido na Coreia do Norte.