A esperança de manter o mesmo figurino de sempre na Maratona de Londres, a terceira major da época e que deveria correr-se no próximo domingo, mantém-se para o dia 4 de outubro, data para a qual foi adiada no passado mês de março.

Só que o panorama atual da pandemia da covid-19 e as medidas que deverão ser adotadas no futuro deixam pouca margem de manobra ao diretor da prova, Hugh Brasher, para ter nas ruas de Londres uma corrida sem limitações.

«A chama ainda arde. Há esperança? Absolutamente. Mas precisamos fazer o que é certo para a sociedade. É costume estarem 750.000 pessoas no centro de Londres a assistir à maratona onde participam 45.000 corredores. Depois, há os médicos, os 6.000 voluntários e o sistema de transporte. Há massas a serem consideradas ao tomar qualquer decisão», referiu em entrevista ao jornal inglês The Guardian.

Em cima da mesa está assim a possibilidade de realizar o evento, que este ano comemora o seu 40º aniversário, apenas para corredores de elite, caso as regras de distanciamento social tornarem impossível a execução normal. Para já, no entanto, reina a incógnita

«Honestamente, eu não sei. Mas na sociedade de hoje, nunca pode dizer-se nunca. Estamos a tentar permanecer realmente ágeis e manter o planeamento do cenário. E, de momento, não quero descartar nenhuma possibilidade até que isso se torne realmente impossível», disse.

A maratona de Tóquio, no mês passado, realizou-se como uma corrida exclusiva da elite, com o número de participantes reduzido a apenas 300 atletas que correram em ruas praticamente desertas. A maioria das grandes maratonas desta primavera decidiu adiar as suas corridas para o outono, mas mesma esses eventos estão agora em dúvida, já que não existe sinais de que surja uma vacina para o novo coronavírus em breve, com a Maratona de Berlim, inclusive, que estava prevista para setembro, a ser cancelada.

«A nossa decisão será tomada até o final de agosto, o mais tardar (…) Será baseado nas diretrizes do governo, e o que nós e a sociedade achamos certo e o que parece certo», afirmou o diretor da Maratona de Londres.

Brasher não confirmou igualmente a possibilidade de os dois melhores do mundo, o queniano Eliud Kipchoge e o etíope Kenenisa Bekele, se inscreverem na corrida adiada para outubro.

«A Maratona de Londres normalmente envolve tantos roteiros e tantas histórias», disse Brasher. «São os maiores atletas do mundo que, como o atleta comum, fazem este desafio incrível com os deuses do desporto como Kipchoge, Bekele e Brigid Kosgei, no mesmo dia, no mesmo percurso, com a mesma multidão. De facto, a pessoa comum faz com que mais pessoas assistam à prova. É um fenómeno incrível. E, é claro, eles estão a contribuir com muito dinheiro para caridade também», lembrou.