O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, voltou a minimizar a pandemia da covid-19 ao afirmar que o contágio no país não se assemelhará ao dos Estados Unidos porque «nada acontece com os brasileiros».

«Eu acho que não vai chegar a esse ponto [situação dos Estados Unidos]. Até porque o brasileiro tem que ser estudado, não apanha nada. O sujeito pula num esgoto e sai mergulhando, não lhe acontece nada», disse Jair Bolsonaro à imprensa brasileira.

«Acho até que muita gente já foi infetada aqui no Brasil, há poucas semanas ou meses. Eles já têm anticorpos, o que ajuda a não proliferar isso daí [coronavírus]», acrescentou Bolsonaro, que por várias vezes minimizou a pandemia, chegando a classificá-la de «gripezinha».

Mais tarde, na habitual transmissão de vídeo em direto na rede social Facebook, o Presidente do Brasil voltou a criticar o isolamento social e o encerramento de comércios decretado por alguns estados do Brasil, afirmando que «a neurose» vai levar ao desemprego e prejudicar a economia do país.

«Essa neurose de fechar tudo não está a dar certo. Para combater o vírus, estão a matar o paciente. Sem dinheiro, você morre de fome, tem depressão, suicídio, vem a violência. Quanto maior o desemprego, maior a violência», advertiu Bolsonaro.

De acordo com o chefe de Estado, a eventual «onda de desemprego» gerada pelo isolamento social terá efeitos mais graves do que o próprio coronavírus.

«Temos que nos preocupar com a vida sim, mas com empregos também. O vírus vem e vai. Eu não critico todos os governadores, eu critico alguns poucos governadores que erraram na dose. Todos estamos preocupados com a vida, queremos que não haja mortes (...) Para 90% da população esse vírus não será quase nada. Essa onda [coronavírus] vai passar. O que não pode chegar é a onda de desempregos, essa demora para passar», sublinhou.

Na terça-feira, Jair Bolsonaro gerou polémica junto da classe médica e política do Brasil ao pedir às autoridades estaduais e municipais a reabertura de escolas e comércio, e o fim do «confinamento em massa».

O isolamento social, cancelamento de eventos, encerramento de museus, cinemas e restrição de serviços não essenciais estão entre as principais recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter o avanço do novo coronavírus.

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

Já Bolsonaro defende o isolamento apenas para grupos de risco, como idosos e pacientes com doenças crónicas.