A ministra da Saúde, Marta Temido, falou este domingo sobre o regresso dos portugueses à normalidade afetada pela pandemia da covid-19.

«Estamos longe de ter vencido esta pandemia. Ainda nos espera muito trabalho e muita resistência», começou por dizer a ministra, acrescentando que «temos de nos mover num equilíbrio entre incerteza e esperança».

«Na próxima semana teremos uma nova reunião com o grupo de especialistas com o qual temos trabalhado. Está agendada para o dia 15 e contará com a presença do Presidente da República, do Primeiro-Ministro, do Presidente da Assembleia da República, dos Grupos Parlamentares, Conselheiros de Estado e elementos do Conselho Economico Social, e vamos ver o que os números nos dizem», explicou a ministra, lembrando: «Temos todos tido de tomar decisões que não repousam só na certeza absoluta, é a necessidade de antecipar decisões sobre a vida normal com base no que sabemos, mas também com algum nível de risco».

Marta Temido frisou depois: «A expectativa de regressar à normalidade vai ter de ser sempre temperada, até à descoberta da vacina, por medidas de restrição, de contenção e de prevenção, que não podemos eliminar por completo. Nada nos próximos tempos, se é que alguma vez, voltará a ser como antes e temos saber viver com isso e nos adaptar.»

A ministra foi questionada sobre a sugestão do antigo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, que dizia que o melhor era as pessoas saírem de casa com testes realizados e máscaras, em vez de manterem o isolamento.

«Fosse assim tão simples como por toda a gente na rua com teste e máscara», disse Marta Temido. «Infelizmente é bastante mais complicado. Como se sabe, um teste negativo hoje não garante um teste negativo amanhã e o uso da máscara só tem alguma eficácia quando utilizada em combinação com outras medidas, desde logo o isolamento social e higienização geral», frisou.

«O Ministério da Saúde há muitos dias que sabe que há valores que precisam de equilíbrio: o valor da vida em sociedade – com o impacto em termos de saúde mental – o funcionamento da economia, indústria, comércio, do emprego, das escolas e o que isso significa em termos de saúde mental, economia, riqueza para o país e a necessidade de algumas medidas de contenção que, como o primeiro-ministro tem dito, têm de ser na estrita medida do necessário, não para além daquilo que temos de proteger.»

«É neste equilíbrio que temos trabalhado e vamos continuar a trabalhar», disse Marta Temido, lembrando que «outros países que optaram por abordagens radicais, ou de deixar tudo aberto ou de fechar tudo, não tiveram os resultados que pretendiam e tiveram de fazer correções.»