De mal amado a herói nacional. Nestas poucas palavras se resumem os últimos dias de Barry Copa Boubakar, o guarda-redes da Costa do Marfim que marcou o penálti decisivo que seu à seleção dos «elefantes» a vitória no CAN, neste domingo.

Já tem 35 anos, foi o jogo da despedida da seleção. Mas, este, não deixou de ser o momento em que Barry Copa extirpou demónios, soltou tudo cá para fora. E disse o que tinha a dizer, do fundo do coração. Do mais fundo que encontrou.
 


«Deus não faz as coisas por acaso, Fui criticado. Mas eu sou alguém que quer progredir. É verdade que não sou grande pelo talento, não sou grande pela altura, mas eu quero aprender. As críticas fazem sempre evoluir. Dei o meu melhor, trabalhei pela equipa, pelo grupo. Deus é justo e eu pensei na minha mãe. Eu sei que ela sofria porque eu não jogava. Eu pensei na minha mãe porque sei que a minha mãe ama-me. Obrigado a todos os costamarfinenses, obrigado a todos, obrigado.»

Barry Copa disse tudo ao «Canal+», depois de ter defendido um penálti ao seu adversário ganês da baliza e ter-lhe em seguido marcada o golo que deu o título ao seu país.

Foi nas ruas de Abidjan que Barry Copa deu os primeiros pontapés na bola. Trabalhou para ter lugar no plantel do ASEC de Abidjan, um dos maiores emblemas da capital. Foi descoberto por olheiros franceses e emigrou para defender a baliza do Rennes. Foi treinador por Bernard Lama, esteve em França entre 2001 e 2003. Mas não teve muito sucesso porque, até, em 2002, apareceu lá um guardião checo de nome Petr Cech.

Barry Copa foi para o futebol belga e defendeu as cores do Beveren até 2007. Depois, mudou-se para o Lokeren, onde já tinha mostrado a sua habilidade com os penáltis – leia-se aqui, na conversão dos mesmos.



O Lokeren não desdenha o seu guarda-redes e deu-lhe os devidos parabéns aproveitando a proximidades gerada pelas redes sociais.
 



Mas, no seu país, Barry Copa não teve o mesmos reconhecimento. Nunca foi reconhecido. As críticas forma a regra. Pelo menos até agora. Pelo menos até marcar mais um penálti. O guarda-redes da Costa do Marfim suplente não tinha a sua 86ª internacionalização prevista. Afinal do CAN 2015 era para ser disputada pelas estrelas Yaya Touré, Gervinho ou Bony. Ou o guarda-redes titular, Gbohouo.

Mas o nº1 da baliza marfinense lesionou-se antes da final. O figurante Copa foi chamado a entrar em cena qual «patinho feito».



9-8 para a Costa do Marfim. Segundo título continental da história dos «elefantes», 23 anos depois do primeiro. Depois disto, Barry Copa já era um cisne. Como Yaya Touré frisou ao «Eurosport».

«É preciso dar os parabéns ao Copa. Ele teve momentos difíceis, sobretudo no nosso país, onde foi criticado. Hoje, ele deu-nos a taça. É um exemplo de solidariedade.»

 Na mesma entrevista, Barry Copa voltou a falar com o coração, já mais contido, mas novamente como ele é para dizer que esta seleção permitiu-lhe «viajar, conhecer boas pessoas». E para dizer que «não há lugar para todos». «Por isso, temos de trabalhar muito» porque a Costa do Marfim «tem muitos talentos». Os reconhecimentos foram-se sucedendo...