Primeiro o óbvio, embora o óbvio, apesar de o ser, tenha escapado a Francisco José Rodrigues Costa (Costinha, no futebol). E o óbvio é, como habitualmente, evidente. Para quem o vê.

Francisco Costa não pode, a um tempo, pretender desmentir uma notícia e dizer que está aberta a caça aos «bufos».

Porque, como deveria ter percebido, ou a notícia é falsa e não há «bufos», apenas um erro jornalístico. Ou a notícia é verdadeira e haverá fontes que a passaram, mas o trabalho do jornalista está correcto.

Francisco Costa, ao deixar escapar o óbvio, pretendeu fazer dos destinatários da mensagem parvos ou simplesmente falta-lhe jeito para a tarefa que lhe ofereceram. Ou, hipótese que sou obrigado a levar a sério, acumula.

Nos últimos tempos, o Sporting teve três directores para o futebol. Um agrediu o melhor jogador do clube. O outro incentivou os adeptos a receberem mal a comitiva adversária. O terceiro, em funções, anda há três dias a acusar de falta de empenho um dos jogadores mais sacrificados do plantel, várias vezes apontado como exemplo. Alguém se importa de explicar o que pretende o Sporting para o seu futebol?

Nesta história de Izmailov, mal contada como poucas, não se percebe por que razão o internacional russo ainda não tem um inquérito disciplinar, se é verdade que tem estado ausente sem razão e não atende o telefone.

A declaração à imprensa de Francisco Costa, este sábado, teria sido um momento triste na história do Sporting se este director para o futebol fizesse parte dessa história. Não faz e se continuar por este caminho nem uma nota de rodapé merecerá.

Dito isto, acho que é altura de eu assumir dois erros.

Quando Bettencourt se candidatou, achei que era a pessoa certa. Até ver, parece que estava enganado. Fala fora de tempo, é incoerente nas decisões e ausenta-se quando o clube mais precisa. Errou ao ligar-se para a vida a Paulo Bento. Errou ainda mais ao despedi-lo. Foi ingénuo ao contratar Sá Pinto e equivocou-se ao aceitar (repito, aceitar) Costinha (hoje Francisco Costa) como rosto do futebol. Nestes cargos é arriscado fazer experiências.

Segundo erro meu. Sempre defendi que os ex-jogadores eram as pessoas certas para dirigir o futebol. Sou obrigado a reconhecer que nem sempre isso fará sentido, pelo menos em Portugal. O Sporting dos últimos tempos tem sido prova suficiente.

Só uma última nota. O antigo jogador Costinha merecerá sempre a minha consideração, sobretudo pelo que fez antes de se tornar provavelmente o futebolista mais caro do mundo (sim, recebeu três anos de ordenado para fazer um único jogo pelo Atalanta). Descontrolado, com mensagens pouco claras e ridículos tiques autoritários, o dirigente Francisco Costa está a demonstrar que pouco o qualifica para o cargo. Este sábado chegou a ser grosseiro. Pelo meio, mentiu.

Felizmente para ele, parece que José Eduardo Bettencourt anda distraído. Ou será que o Sporting pensa que chegará a algum lado com imitações toscas de outras formas de estar no futebol?