A maior parte da conferência de imprensa de José Couceiro foi passada a falar dos árbitros. Também porque ele próprio conduziu a conversa para esse lado. O técnico diz não querer entrar em especulações, não respondeu à pergunta sobre se a equipa estaria mais à frente com melhores arbitragens, mas deixou claro que o F.C. Porto tem sido muito prejudicado. «Desde Fevereiro, quando peguei na equipa, temos sido muito mais prejudicados do que beneficiados», frisou. «Há muitos condicionalismos para arbitrar jogos do F.C. Porto desde que o Apito Dourado foi desencadeado».
O processo de investigações foi aliás o grande tema da conversa. «Se algum árbitro marcar uma grande penalidade a nosso favor que não tenha existido, no dia seguinte é trucidado», referiu. «Eles sentem isso e sentem que em caso de dúvida têm que ser contra o F.C. Porto, por todo o clima que está criado e que tem sido muito prejudicial». E ainda que não garanta que o F.C. Porto estivesse melhor posicionado com outras arbitragens, porque não quer entrar por aí, também não garante o contrário. «Não acho que entre as equipas da frente os benefícios sejam iguais para todos», sublinha.
José Couceiro não coloca em causa os árbitros, diz até que não tem razões para duvidar que sejam sérios, coloca apenas o clima criado à volta deles. «Esta é uma época muito diferente de todas as outras, por causa do Apito Dourado. Este é um processo que já devia estar resolvido há muito tempo e quanto mais tempo demorar a ser resolvido menores são as probabilidades de resolvermos as questões de fundo que temos de resolver. A arbitragem é um factor decisivo na qualidade de um jogo de futebol e também influencia o resultado final, não só exclusivamente nas contas do título mas em todas as contas do campeonato. Por isso todos nós temos de querer melhores equipas e melhores arbitragens».
Ora a partir deste momento, o treinador azul e branco partiu para outra crítica. Uma crítica com barbas da parte dele. Às estruturas da arbitragem, claro. «O nível da arbitragem não melhorou nos últimos anos, bem pelo contrário até tem vindo a descer. Em meu entender pela culpa dos responsáveis do sector, não dos árbitros. Eles não têm culpa nenhuma». José Couceiro defende a profissionalização da arbitragem, até por uma questão de estabilidade. «Que condições para fazer um bom trabalho pode ter um árbitro que esteja, por exemplo, no desemprego?», interroga. «Tem de haver uma gestão diferente da própria arbitragem e as pessoas que estão na liderança do sector são pessoas que sempre estiveram contra a profissionalização Estas minhas críticas já vêm de trás, já critico os dirigentes há anos. Tive muitos processos por causa disso e ganhei-os todos».