A pandemia da covid-19 provocou e vai continuar a provocar uma quebra de receitas no futebol profissional na ordem das centenas de milhões de euros, reconheceu a diretora executiva da Liga.

«A nossa expectativa é que teremos um impacto de 276 milhões de euros na área das receitas», afirmou Susana Rodas durante um 'webinar' integrado no programa da realização da final four da Taça da Liga, que está a decorrer em Leiria.

A diretora avançou com números relativos à redução das receitas provenientes de transferências de jogadores, e que rondarão os 150 milhões de euros comparativamente aos valores pré-pandemia, que andavam entre os 250 e 300 milhões. «Quem nos compra também está a ter dificuldades», notou, admitindo que o recuo poderá ainda ser mais gravoso.

Susana Rodas disse que a continuidade do futebol é fundamental para atenuar, através da televisão, os efeitos que a pandemia teve na quebra de receitas dos clubes. E apontou que o impacto dos direitos televisivos ascende a 178 milhões de euros.

A responsável abordou ainda as dificuldades que os clubes estão a ter em reduzir substancialmente os gastos, reduções essas que não têm ultrapassado os 10 por cento em custos operacionais e nos recursos humanos.

Num outro painel, dedicado ao regresso do público aos estádios, Sónia Carneiro, também diretora executiva da Liga, admitiu que o impacto desta vertente ronda os 30 por cento para algumas SAD. Ainda assim, mostrou otimismo em relação ao futuro. «Estou certa de que rapidamente daremos a volta por cima», disse, reiterando que, apesar dos números dramáticos da pandemia em Portugal, há condições para que o público regresse aos estádios. «Não foi por causa dos adeptos de futebol que os números da pandemia dispararam. (...) Fizemos agora uma pausa [n.d.r.: nas conversações sobre o assunto], mas não esqueceremos. Logo que os espetáculos possam voltar a ter público, o futebol estará na linha da frente para isso acontecer», apontou, não negando que há o risco de as pessoas se desabituarem das idas ao futebol se continuarem afastadas.

Uma preocupação também manifestada por Hugo Freitas, administrador da SAD do Sp. Braga. «Vamos ter de repensar tudo, toda a economia do futebol vai ter de se reinventar e vamos ter de fazer uma grande campanha de reaproximação às pessoas. Mesmo quando se abrirem as portas, vai demorar dois ou três anos para voltar ao que era antes.»