O tenista português João Sousa defende que Novak Djokovic não é o maior culpado dos vários casos de covid-19 surgidos na sequência do Adria Tour.

«Não diria que ele tem a maior culpa. Obviamente que estava a tentar chamar algum público e a tentar que a modalidade do ténis se mantivesse viva. Não acredito que fosse uma questão monetária aquela que chamou o Djokovic a fazer um torneio como este», começa por afirmar o tenista português, em declarações à agência Lusa.

Após a realização das duas primeiras etapas do circuito de exibição, que permitiu a presença de público nas bancadas, sem medidas de distanciamento, e promoveu ações com os jogadores fora do court, incluíndo uma festa quente, com os tenistas em tronco nu a trocar abraços, Grigor DimitrovBorna Coric, Viktor Troicki e Novak Djokovic anunciaram que ficaram infetados.

«O Adria Tour foi um circuito, que se calhar, não foi realizado da melhor maneira, dadas as circunstâncias e o momento que o mundo está a viver. Mas não só o Djokovic, mas mais a organização desse evento não esteve à altura, porque evidentemente houve um excesso de confiança naquilo que estamos a viver e daí o que aconteceu», justifica o minhoto, considerando que não se pode «por a culpa só no Djokovic».

Além de defender as boas intenções do sérvio, embora lembre ser uma «referência mundial», que «deveria ter tido mais atenção neste tipo de eventos, dadas as circunstâncias», o número um nacional e 66.º do ranking ATP acredita que o sucedido no Adria Tour pode «abrir os olhos também para a segurança e os eventos que possam surgir no futuro».

«O ATP já tem um calendário definido para voltar à competição, portanto penso que estes erros possam servir também de lição para os próximos organizadores de torneios», explica.

Mais crítico foi o australiano Nick Kyrgios, um dos mais irreverentes e polémicos jogadores do ATP Tour.

«As minhas preces vão para todos os jogadores que contraíram a covid-19. Não me odeiem por ter feito alguma coisa irresponsável ou classificada como estúpida. Isto ultrapassa tudo», escreveu nas redes sociais o 40.º colocado na hierarquia mundial, que já tinha criticado a prova.

Tal como Nick Kyrgios, o escocês Andy Murray, antigo número um do mundo, também chamou a atenção para a necessidade de se cumprirem medidas de segurança, defendendo que o Adria Tour pode ser visto como uma lição para o ténis mundial.

«Espero sinceramente que isto não seja grave demais. A Sérvia e a Croácia estavam a ultrapassar de forma relativamente tranquila a pandemia e agora tudo pode piorar. Sabia-se que assim que os países abrissem as fronteiras e as pessoas começassem a sair de casa, este tipo de coisas poderiam acontecer, mas penso que todos podemos aprender com esta lição e levar tudo isto extremamente a sério», justificou o campeão de três torneios do Grand Slam.

Já o francês Richard Gasquet reconheceu, em entrevista ao L’Équipe, que no «Adria Tour não tiveram muitos cuidados», embora, defenda, que «Djokovic não é o culpado de tudo» e «não apontou uma arma à cabeça de ninguém para estarem lá cinco mil espectadores».