Luís Pitarma, o enfermeiro português a quem Boris Johnson agradeceu os cuidados prestados durante a hospitalização com covid-19, afirmou esta terça-feira ter ficado «comovido» com a mensagem pública do primeiro-ministro britânico e descreveu como «surreal» o telefonema imediato do Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.

«Não tenho palavras para descrever como me senti quando vi [o vídeo]. Deixou-me bastante comovido. Fiquei realmente surpreendido, mas muito feliz. Eu nunca pensei que teria um destaque assim. A mensagem do primeiro-ministro realmente veio do coração. Foi a mensagem mais honesta que eu já vi», disse o enfermeiro num depoimento publicado pelo hospital St. Thomas.

Pouco depois de receber alta do hospital, onde esteve internado uma semana devido a um agravamento dos sintomas, incluindo três noites nos cuidados intensivos, Boris Johnson publicou um vídeo no Twitter a agradecer aos vários profissionais de saúde que considera lhe terem salvo a vida, destacando o português.

Pitarma, que passou as três noites junto do político enquanto esteve internado nos cuidados intensivos, disse ter ficado «muito orgulhoso», não só por si, «mas por toda a equipa».

Horas depois, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, entrou em contacto direto por telefone com o enfermeiro para expressar o agradecimento por ter cuidado do primeiro-ministro britânico e participado assim no combate à pandemia da covid-19.

«Foi surreal, mas fiquei muito orgulhoso de receber o telefonema dele. Ele mostrou-se agradecido pelo que fiz, por ser enfermeiro e por representar o país», revelou o profissional de saúde, que foi convidado para visitar o Palácio de Belém quando estiver em Portugal.

«Receber o agradecimento do primeiro-ministro e do Presidente português nas mesmas horas foi incrível, eu realmente não podia acreditar no que estava a acontecer. Aparentemente sou uma celebridade em Portugal agora! É ótimo conseguir mais reconhecimento para os enfermeiros de lá», vincou.

Natural de Aveiro, Luís Pitarma, 29 anos, formou-se na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, tendo realizado um ano de Erasmus na universidade de Lathi, na Finlândia.

Em 2014, começou a trabalhar em Londres, onde passou por quatro unidades de saúde antes de ser recrutado para o grupo hospitalar de Guy e St. Thomas, onde é enfermeiro especializado em cuidados intensivos, em particular ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorporal), segundo informação do próprio nas redes sociais.

No texto agora publicado, o enfermeiro português admite que ficou nervoso quando foi informado pelo enfermeiro-chefe que tinha sido escolhido para vigiar o primeiro-ministro britânico porque «estavam confiantes que iria lidar bem com a situação».

«Eu perguntei como é que ele gostaria de ser tratado e ele disse-me para o tratar por Boris. Isso deixou-me menos nervoso porque ele afastou qualquer formalidade. Ele só queria ser tratado como qualquer outra pessoa», recordou.

Johnson encontra-se atualmente em convalescença na sua residência de campo em Chequers Court, nos arredores de Londres, desde que recebeu alta, em 12 de abril, do hospital de St. Thomas.