O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio2020 começa a ter as primeiras repercussões no Japão. A Aldeia Olímpica, que após a competição seria reconvertida em apartamentos, estando alguns já vendidos, deixou os promotores numa incógnita.

As infraestruturas construídas para albergar 11 mil atletas de todo o mundo incluem 23 torres e 18 mil camas, que se deveriam transformar em cerca de quatro mil apartamentos depois da competição terminar. 900 desses quatro mil já estão vendidos, o que gera uma grande incerteza nos proprietários, como explicou a diretora da imobiliária Tokyo Property Central, Zoe Ward.

«Mesmo admitindo que não têm perdas financeiras, é um grande transtorno para eles [os compradores]», disse a responsável imobiliária, admitindo que exista um vazio legal nos contratos e que, em último caso, se aplicam cláusulas de «desastres naturais», indicou.

Para Tomohiro Maquino, especialista no mercado imobiliário, este cenário pode trazer uma dupla penalização aos promotores: «A queda do mercado financeiro em geral e os problemas de imagem associados à aldeia olímpica».

«Existe um risco de baixa nos preços. Ao desvanecer todo o entusiasmo e expectativa em redor dos Jogos, a questão pode ficar séria do lado de quem vende, em que, para já, se debatem com a possibilidade de cancelamentos, o que é crítico», afirmou.

Até agora, o Japão registou 1905 casos de infeção pelo novo coronavírus, entre os quais 712 do cruzeiro Diamond Princess, assim como 53 mortos, dez dos quais passageiros do navio.