A presença de 873 pessoas no jogo Santa Clara-Gil Vicente (0-0), da terceira jornada da Liga, disputado no sábado, nos Açores, representou um teste inicial «muito positivo» com vista ao regresso gradual de público aos estádios, destacou esta quarta-feira Sónia Carneiro, diretora-executiva da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), em conferência de imprensa.

«Aquele momento da entrada das equipas com o público a aplaudir deu um arrepio para quem lá esteve. O futebol só é verdadeiramente um espetáculo se tiver o público e os aplausos que merece», vincou a representante da Liga.

O primeiro teste com público no futebol profissional em Portugal foi viabilizado pela Direção Regional de Saúde dos Açores, que limitou o preenchimento das bancadas a 10 por cento da lotação total do Estádio de São Miguel, em Ponta Delgada, mediante uma série de restrições devido à pandemia de covid-19.

«Os parques de estacionamento foram vistoriados com um controlo muito rigoroso das forças de segurança e as portas do estádio abriram duas horas antes para evitar a aglomeração de adeptos. Tivemos dez setores abertos, seis entradas e sete saídas, além de sinaléticas muito visíveis no chão para orientar as pessoas», descreveu.

Cada interveniente dentro e fora das quatro linhas mediu a temperatura corporal à entrada do estádio, embora «ninguém tenha sido mandado para casa, aquilo que estava previsto caso fosse necessário», ao passo que o speaker foi um «pivot importante» para apelar às pessoas que «se mantivessem o maior tempo possível no seu lugar».

«Essa figura também foi relevante no final do jogo, quando explicou como seria efetuada a saída bancada a bancada e alertou para as regras que teriam de ser implementadas em cada setor», acrescentou Sónia Carneiro, enumerando medidas que serão replicadas no embate entre Académico de Viseu e Académica, da II Liga, na próxima quinta-feira.

A partida em atraso da ronda inaugural da II Liga permitirá a entrada de 409 espectadores, face à lotação máxima de 4.090 lugares sentados no Estádio do Fontelo, em Viseu, que abrirá cinco portas distintas quando faltar uma hora e meia para o apito inicial, aprazado para as 15h00, procurando dispersar os adeptos pelas duas bancadas centrais.​​​

O relatório da LPFP sobre a presença de público no Santa Clara-Gil Vicente foi elaborado esta quarta-feira, em conjunto com a Direção-Geral da Saúde (DGS) e a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, num balanço que será repetido na segunda-feira acerca da organização logística do jogo Académico de Viseu-Académica.

«Estamos muito otimistas e tudo o que nos chegou das autoridades sanitárias e do Governo Regional dos Açores foi manifestamente positivo. Esperamos que o próximo teste assim seja e que nos permita avançar para a primeira meta, que é ter 30 por cento da ocupação dos estádios, respeitando sempre a situação epidemiológica», concluiu.​​​​​​​

O regresso dos adeptos no território continental acontece também esta quarta-feira, às 19h45, com o jogo particular entre as seleções de Portugal e Espanha, no Estádio José Alvalade, em Lisboa, que será assistido por 2.500 pessoas, de acordo com o limite máximo de 5 por cento da lotação do recinto.

Outro teste irá decorrer depois a 14 de outubro, também no recinto do Sporting, com o aumento para 10 por cento da capacidade, equivalente a quase 5 mil pessoas, no embate da seleção portuguesa frente à Suécia, relativo à Liga A da Liga das Nações.

O derradeiro ensaio será efetuado no dia seguinte, no encontro entre Feirense e Desportivo de Chaves, que também estava inserido na primeira jornada da II Liga e foi adiado, devido à existência de casos de infeção por covid-19 nos dois plantéis.

«Depois destes cinco testes está já marcada a reunião para avaliar o que aconteceu e se estabelecer um plano efetivo de regresso», disse a responsável, referindo-se ao clássico da quarta jornada da I Liga entre Sporting e FC Porto: «Espero que seja o último clássico desta época sem público.»