Alex Ferguson deu uma longa entrevista ao Guardian, a propósito do lançamento do documentário sobre a sua carreira de treinador, tendo passado um pouco por todos os momentos marcantes da sua vida. Pelo meio, claro, não deixou de falar de Cristiano Ronaldo.

«Lembro-me do meu primeiro jogo fora como treinador, em 1974. Fomos derrotados por 5-2 pelo Albion Rovers. Fui para casa naquela noite e disse a mim mesmo: ‘Se não conseguir criar resistência mental nos meus jogadores, nunca vou conseguir ser treinador.’ Isso para mim vinha sempre à frente de todos os meus métodos de gestão: garantir que os jogadores podiam lidar com as tensões e os desafios de ser um jogador de topo», referiu Alex Ferguson.

«Tentei sempre dotá-los do talento de serem mentalmente fortes. Fui muito sortudo. O Aberdeen teve jogadores mentalmente bons e, no United, todos os melhores jogadores eram mentalmente fortes. O Ronaldo, muito honestamente, é duro como umas botas velhas. Ele seria sempre um grande jogador porque ele tinha tudo aqui [Ferguson bate na cabeça].»

O escocês reconheceu que trabalhar com os jogadores logo desde muito jovens foi fundamental para que isso acontecesse, não só no caso de Cristiano Ronaldo, mas em vários outros casos. De resto, acrescentou, o sucesso do Manchester United foi sempre criado em cima da juventude.

«Matt Busby reconstruiu o clube nos anos 50 e 60 com fantásticos jovens jogadores. Eu queria fazer o mesmo. As pessoas construíram uma opinião sobre o Manchester United de Ronaldo ou de Roy Keane. Mas o espírito daquele clube começou através de jovens como Beckham, Giggs, Scholes, os irmãos Neville. Eu sabia que estávamos no caminho certo com eles e só precisava do apoio da direção», referiu o treinador.

«Nessa altura, no início dos anos 90, foi muito importante um grupo de adeptos que vinha todos os dias ver os treinos ao campo secundário. Um deles era um antigo carteiro, Norman Williamson. Ele era um fanático do Manchester United e estava sempre a dizer-me: ‘Está bem, filho. Você está a fazer a coisa certa’. Foi ótimo tê-lo como caixa de ressonância. Ele e os amigos foram fantásticos.»