Tarde pesada em Penafiel. Na ressaca da eliminação humilhante, uma derrota por 4-0 no terreno do vizinho Lixa, esperava-se que a contestação dos adeptos aumentasse de tom no regresso da equipa ao trabalho. A saída do estádio, ontem, já tinha sido tudo menos pacífica. Insultos de parte a parte, tentativas de agressão, intervenção policial sem direito a ocorrência, enfim.
O receio de que o clima agressivo continuasse esta tarde era por isso natural. No final sobrou apenas um óbvio mau estar e muitos rostos fechados. Também porque o mau tempo e a chuva que caiu durante toda a tarde afastou muita gente do treino. Sobraram por isso cerca de duas dezenas de indefectíveis adeptos, que assistiram à passagem dos jogadores para o campo de treinos com aparente impotência.
Pouco antes, em conversa animada, já tinham deixado promessas de reacção. «Os jogadores são como os limoeiros, tem de se lhes bater para colher frutos», dizia um, enquanto outro tentava convencer que tinha de se fazer justiça. «Esta derrota vai ficar na história. Se ainda fosse por 1-0, como o Rio Ave. Foi pior que a derrota dos tempos de Oliveira-jogador com o Cabeça Gorda».
«Mal estão as pessoas acamadas no hospital», responde Luís Castro
Indiferente a todas estas conversas, o grupo de trabalho percorreu tranquilamente o espaço para o campo de treinos por entre os associados e sem grandes cautelas. A saída dos balneários, essa, demorou cerca de trinta minutos. Meia-hora aproveitada por Luís Castro para falar com os jogadores. Pelo que comentou com os jornalistas, apenas para fazer ver ao grupo de trabalho que há crises piores. «Mal estão as pessoas acamadas no hospital», confidenciou à saída.
No campo de treinos o técnico dividiu o grupo em duas partes, a primeira das quais composta pelos titulares de ontem, a segunda pelos restantes jogadores. Pelo meio ainda ficaram Marco Ferreira e Pedro Araújo que apenas fizeram treino condicionado. Os não titulares trabalharam normalmente, os outros fizeram apenas corrida durante meia-hora. À saída não puderam deixar de ouvir um adepto contestar. «Já está? Meia-hora? E ainda querem ganhar jogos?», interrogou. Debaixo de um silêncio quase sepulcral.