Contratado pelo Real Madrid em 1997, Rodrigo Fabri nunca chegou a jogar oficialmente pelo gigante espanhol. Em 2000/01 esteve emprestado ao Sporting e até somou quatro golos em 30 jogos, mas garante agora que, a dada altura, foi “encostado” por… estar a dar nas vistas.

«Comecei muito bem, fiz muitos golos. A meio do empréstimo, ao fim de quatro ou cinco meses, tive uma pequena lesão e fiquei 15 dias afastado. Quando voltei nem era convocado. Pensava que era por causa da forma física, que fui aprimorar. Quando convocado às vezes nem entrava. E eu era um dos principais jogadores da equipa antes da lesão», recorda, em entrevista ao portal UOL.

Fabri foi falar com o treinador, que o “encaminhou” para a direção. «Os dirigentes disseram-me: «Você realmente está muito bem, e por isso vamos querer comprar-te ao Real Madrid no final do empréstimo. Se jogares como estavas a jogar, então o teu passe vai ser valorizado e o Real Madrid vai pedir muito, muito dinheiro, e não te conseguiremos comprar. Fiquei muito nervoso na época porque queria jogar. No final da temporada o Sporting tentou contratar-me e o Real Madrid pediu uma exorbitância pelo meu passe. Fiquei seis meses sem jogar e ainda não fui contratado», acrescentou.

Cristiano Ronaldo ainda estava nos juniores do Sporting, nessa altura, mas Rodrigo Fabri recorda os treinos com o craque português.

«Fazíamos treinos contra as equipas da formação, e ele jogava contra nós. Era muito jovem ainda, já demonstrava qualidade, mas, sinceramente, não me chamou a atenção a ponto de dizer: “ah, esse menino vai ser o melhor jogador do mundo”», afirmou.

Vinte anos depois, Fabri olha para Ronaldo como um dos maiores jogadores da história.

«Você vê o Messi jogar, ou o Neymar, e percebe que a qualidade deles é absurda, não precisam estar 100% fisicamente bem para poder exercer a profissão deles com grandeza. O Cristiano Ronaldo não. Apesar da técnica apurada, também precisava estar no ápice fisicamente, e ele nunca deixou esse ápice baixar, sempre esteve nas ponta dos cascos, por isso é merecedor de ser considerado um dos maiores da história», afirmou, antes de fazer uma comparação com Ronaldinho Gaúcho.

«Fico imaginando a comparação: um Ronaldinho Gaúcho, que foi um mágico, um extraterrestre, com o profissionalismo do Cristiano Ronaldo. Chegaria muito mais longe de onde chegou. Sou o fã número um do Ronaldinho, mas essa é uma realidade. Se ele se entregasse como o Cristiano, seria unanimemente o segundo maior da história, porque o Pelé eu nem vou comparar», acrescentou.

Relativamente à passagem frustrada pelo Real Madrid, sem qualquer jogo oficial disputado, Fabri olha para isso como uma escolha errada, dada a concorrência que encontrou no plantel galáctico.

«Profissionalmente falando, tenho que dar o braço a torcer e dizer que foi uma escolha ruim», afirmou.

«Estava muito bem aqui no Brasil, a jogar muito. Tinha propostas de outros clubes, como Roma e Corunha, que era uma equipa de ponta na época. Juntamente com Real e Barcelona, disputava o título na Liga espanhola. As propostas, financeiramente, eram muito parecidas, mas pela grandeza acabei por escolher o Real Madrid. Se tivesse ido para a Roma ou para o Corunha, talvez tivesse uns cinco ou seis anos consecutivos na mesma equipa. Com certeza teria uma projeção maior na Europa. Profissionalmente falando, tenho que dar o braço a torcer e dizer que foi uma escolha ruim, porque, como eles não me aproveitavam, ano após ano, eu estava sempre a ser emprestado. Acabas por não criar raiz em lado nenhum, ficas uma temporada e voltas», concluiu.