Salvio é um bocado apaneirado, não acham?

Rápido! Internet, caixa de pesquisa, dicionário online: "A-pa-nei-ra-do".

A palavra não existe. Será que não quis escrever

amaneirado

asneirado

amaneirado

asneirado

amaneirando

amaneirada

amaneirados

amadeirado

acarneirado

abandeirado?

Sugerir inclusão no dicionário da palavra pesquisada.


Deixem para lá.

Lá vai Salvio no seu estilo inconfundível... Mas não, é Maxi! Sim, a gaffe ameaça-nos a cada esquina.

O estádio pára, o argentino também. Silêncio no estádio. Ou será de mim? O rival espera. Mãos suspensas no ar, para ajudar no arranque. Não se mexe, à espera do momento.

Não há pedaladas, não é Ronaldo, seja o nosso fenómeno ou o dos outros. Ou Neymar. Pára, coisa que também Messi não faz. A Pulga corre, sempre com a bola presa atrás da orelha da bota esquerda.

Ele pára. Está pronto!

A bola encostada ao lado de fora do pé direito. Todos sabem que vai ser por ali. A finta não é nova. E é por ali. Mas quando? Agora ou daqui a centésimos. Durante um piscar de olho? Agora? Ainda não.

Lá vai Paneira no seu estilo inconfundível... Mas não, é Veloso!

Ou será Salvio?

O silêncio intensifica o momento. A batalha está perdida antes de começar. O defesa sabe, mas tem de ir atrás. Antes ser mártir que nada ser. Corre como se as imagens lhe chegassem com um ou dois segundos de atraso. Nada a fazer.

Toto não gosta de estar longe da bola. Lê-a como poucos, procura-a sempre com a intensidade de ser a jogada da sua vida.

Sabe onde vai cair, para onde vai. Antecipa-se, como se ouvisse em pano de fundo os pensamentos dos outros, em jeito de série do Cabo. Agarra-a e sai disparado. Ou pára, espera, antes de voltar a disparar. Agora. Por ali. Sempre por ali.

Lá vai Salvio no seu estilo inconfundível...

- Se fosse fabuloso o Atlético não o teria vendido!

A sério? A confiança torna-nos melhores, mais fortes. Mais capazes. Somos um pouco mais Übermensch, mais parecidos com os super-homens de Nietzsche. Mais capazes de ser mais do que somos.

Salvio já era isto, mais a felicidade. Um super-poder.

É agora. Corpo ligeiramente inclinado para a frente. Talvez o defesa consiga mudar de canal e evite tudo isto. Ou faça pausa e volte atrás uns dias como se nada tivesse acontecido.

O pé direito toca na bola e ele acelera decidido. Pelo lado de sempre. Não há nada a fazer.

Rais`parta!

«Era capaz de viver na Bombonera» é um espaço de opinião da autoria de Luís Mateus, sub-director do Maisfutebol. Pode segui-lo no FACEBOOK e segui-lo no TWITTER

Luís Mateus usa a grafia pré-acordo ortográfico.