O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

IVO PINTO, DÍNAMO ZAGREB (CROÁCIA)

«Olá caros leitores do Maisfutebol,

Escrevo este texto pouco depois de ter tido a minha primeira aula de croata. Desde que cheguei a Zagreb, a língua tem sido o maior obstáculo. É um idioma diferente do português, tem letras diferentes, e acentos que alteram a forma de se ler ou de se falar.

Por exemplo, este Č, com um acento circunflexo invertido, faz com que o nome do meu colega Duje Čop se leia 'chope' e não 'cope'. Ou seja, é uma língua muito diferente da nossa não só nas palavras, mas também nos números.

Apesar de os meus técnicos e os meus companheiros falarem bem inglês, penso que é um importante aprender a língua do país onde estou, até para ser respeitado ante os meus colegas.

Nesta primeira aula de croata foi como regressar à escola. Quando começamos a aprender uma nova língua, começamos sempre pelo básico. Tivemos a ver como se dizem os números, aprendi como é o meu número de telefone em croata, e também a fazer apresentação dos nossos nomes. Para uma primeira aula já aprendemos muitas coisas.

Sei que tenho uma dura tarefa pela frente e espero em junho já conseguir saber o básico. Rúben Lima, meu colega de equipa no Dínamo de Zagreb, já está no país há três anos e ainda não domina a língua por completo. Ele diz percebe mais do que fala.

Eu começo também a apanhar algumas coisas, nomeadamente o vocabulário do futebol e o que diz respeito à comunicação de equipa dentro de campo, como ‘dá a bola’, ‘passa a bola’, ‘joga rápido’, ‘fecha’, enfim ainda pequenas coisas.

Na Roménia, onde estive antes, a situação foi diferente. Como se trata de uma língua latina e, de certo modo, similar ao português, aprendi naturalmente o romeno e não precisei de aulas. Para ajudar, tinha também muitos jogadores portugueses no Cluj e o Cadu, que era o capitão de equipa, ajudou-me em muitas coisas.

Ao fim de um mês, já percebia quase tudo o que eles falavam e aqui ainda não. Se voltasse à Roménia conseguia desenrascar-me sem usar o inglês: chegava ao aeroporto, dizia ao taxista para onde queria ir, e num restaurante pedia a comida em romeno e a conta em romeno. Não digo que domino o romeno plenamente, mas já falava de forma a me conseguir desenrascar.

Agora, só me resta continuar a aprender. Quem sabe no próximo texto não partilho convosco palavras em croata?

Até breve,

Ivo Pinto»