«Achou que neste percurso até à Turquia queria ficar no Brasil, porque tem questões profissionais importantes e foi por esse motivo que não veio.» Esta foi a resposta de Jesus acerca do mental coach que teve nas suas equipas técnicas anteriores.
«Em primeiro lugar fico satisfeito que uma senhora jornalista me faça a pergunta no meio de tantos homens, estou habituado a isso. Ainda não falei com o antigo treinador do Fenerbahçe (pausa). Ter êxitos desportivos no Fenerbahçe, penso eu, é ganhar títulos. Não sei o que é ter êxitos num clube se não ganhas um título.»
«A minha chegada à Turquia foi uma chegada em que o presidente tentou que eu e alguns assistentes tivéssemos uma viagem com muita qualidade, tranquila e aos fãs e adeptos que segundo me disseram foram ao aeroporto, quero pedir desculpa, mas eu e o presidente achámos que a melhor forma de chegar à Turquia era esta e estamos cá de corpo, coração e alma para fazemos parte deles.»
«O professor Manuel Sérgio é uma referência do desporto mundial e principalmente em Portugal, um grande filósofo e um homem estudioso, em relação, não às dinâmicas do futebol, não ao sistema, mas o que ele defende é que, primeiro, um treinador tem de pensar que não está a treinar jogadores, está a treinar pessoas, seres humanos. Tens de perceber a tua relação com a equipa. O professor fez parte da minha equipa técnica num dos anos do Benfica e estou grato pelo que me ensinou.»
«Não gosto que os jogadores me definam como um pai deles, eu gosto que me definam como um grande treinador e depois posso ser um pai para eles. É assim que eu me defino, não só na relação com os meus jogadores, mas também com os meus filhos. Eu não sou amigo dos meus filhos, sou pai deles e depois é que sou amigo. É exatamente como funciono com os jogadores.»
Questionado sobre o estilo de jogo ofensivo, Jesus sublinhou que as suas equipas são de risco e que, no Fenerbahçe, quer ganhar, mas também que se jogue bem para os adeptos. «Hoje o treinador, na minha opinião, é como um jogador. Tem de ser criativo, ter ideias e as minhas ideias visam principalmente que a minha equipa seja uma equipa de risco. Eu assumo isso com os meus jogadores. As equipas que treino são equipas de risco e valorizamos muito a componente ofensiva porque normalmente as nossas equipas fazem muitos golos, mas também somos uma equipa, como disse, de risco, mas riscos calculados, riscos bem definidos do ponto de vista tático defensivo. Quando trabalhas num grande clube como o Fenerbahçe, ganhar só não chega. O mais importante é ganhar, mas é também proporcionar os adeptos bons espetáculos de futebol.»
«Há interesse no Crespo, no Rossi e no Kim Min-Jae. Vai ser difícil manter o Kim, que é um jogador de classe mundial, mas vamos fazer o nosso melhor. O treinador também o quer manter. Se sair um jogador, outro virá para o seu lugar», explica Ali Koc.
«Como se pronuncia o meu nome? Em turco, não sei. Em inglês sei, Jeasus. Em português Jorge, Jorge Jesus. JJ. Pode ser JJ», explicou Jorge Jesus aos jornalistas turcos.
«É mais um motivo para me inspirar, para eu quebrar essa regra dos últimos 15 anos», atira Jorge Jesus, com um sorriso.
«Fazer contrato de um ano, em todos os clubes que treinei fora de Portugal foi assim. Porquê? O primeiro ano é de adaptação, para o treinador, o presidente, o clube. O presidente convidou-me a fazer um contrato de dois/três anos, mas o mais importante para mim não é estar seguro financeiramente. Se as coisas correrem bem, podemos renovar.»
«As condições de trabalho do Fenerbahçe são de top, ao nível dos melhores clubes do mundo. Já tive a oportunidade de treinar dos melhores clubes do mundo e sei fazer essa avaliação.»
«Ozil é um jogador sobejamente conhecido, teve o seu tempo, teve o seu espaço, é um jogador que tem uma história bonita na Turquia. As minhas ideias que tenho para a equipa do Fenerhaçe e para o clube, foi seguir exatemente aquilo que foi o final da época do Ozil», diz Jorge Jesus. O antigo internacional alemão está afastado da equipa desde março.
«Ao longo destes dois meses, mês e meio, preocupei-me em ver jogos do Fenerbahçe. O Kim (Kim Min-jae, defesa-central sul-coreano de 25 anos) é um jogador que todas as boas equipas da Europa queriam ter. Quanto ao Arda (Arda Guler, médio turco de 17 anos) é um jovem que está a começar a sua carreira. Temos de ter cuidado para não queimar etapas. Vamos ajudar para que ele possa desenvolver o seu talento.»
«Tenho por base o plano A e o plano B. Para além do sistema, há outras componentes muito importantes. O sistema é o princípio de tudo mas não é o mais importante. O mais importante serão sempre os jogadores. Tens de arranjar um sistema em função dos jogadores que tens. Podemos jogar no plano A num 4x4x2, o sistema que mais êxitos me deu como treinador, mas depois temos outras variáveis.»
«Passaram nove anos, foi uma meia-final muito dificil para o Benfica. O Fenerbahçe, nesse ano, era uma equipa muito forte. Não foi fácil o nosso jogo aqui. Faz parte da minha recordação como treinador essa meia-final, porque fomos, nós Benfica, à final da Liga Europa. Aliás, fomos a duas finais da Liga Europa.»
Revelações de Ali Koc, presidente do Fenerbahçe: «Falámos com Jorge Jesus quatro dias depois de ele sair do Benfica. Contudo, ele nem quis falar de futebol nesse dia. Em abril, as conversas intensificaram-se. O nosso antigo diretor, Emre Can, também contribuiu para isso. Ele foi a Portugal.»
«Se fosse por isso, tinha mais clubes que me propuseram essas condiçoes», garante Jorge Jesus.
«Hazir misiniz?». «Estão prontos», questionou o treinador português, antes de começar a falar em português.
Treinador chegou a Istambul na terça-feira à noite. Jesus passou os últimos dias na cidade turca a conhecer o estádio, o museu e o centro de treinos do Fenerbahçe.
«Nas redes sociais, era invadido todos os dias por fãs do Fenerbahçe e isso fez com que eu começasse a olhar para o carinho que os adeptos do Fenerbahçe tinham e também porque o presidente, das vezes que foi a Portugal, me quis muito, tocou-me o coração. Eu tinha vários clubes para poder escolher e escolhi o Fenerbahçe. Escolhi por isso.»
Numa curta nota divulgada no site oficial, o vice-campeão da Turquia revelou que o contrato do português é válido por uma ano, tal como o Maisfutebol escreveu.
Português assume o comando técnico do Fenerbahçe, regressando ao ativo depois do fim da ligação ao Benfica.