Johan Cruyff explicou finalmente a principal razão por ter renunciado a ida ao Mundial de 1978 que se realizou na Argentina. Em entrevista à Rádio Catalunha, o ex-jogador holandês contou como foi ameaçado: «Apontaram-me uma arma à cabeça, eu estava atado, a minha mulher também e os meus filhos estavam no chão do nosso apartamento em Barcelona¿ Há momentos em que têm de haver outros valores na nossa vida».
Este incidente justificou os tempos complicados que viveu nessa altura e que, a juntar à ditadura militar de Jorge Rafael Videla na Argentina, legitimaram o «não» de Cruyff à Laranja Mecânica: «Também era o momento em que me queria despedir do futebol, tinha decidido deixá-lo, e não podia jogar sabendo isto. Creio que para jogar um Mundial há que estar a 200 por cento e assim não fazia sentido».
O seu ex-adjunto dos tempos em que treinou o Barcelona, Charles Rexach, lançou recentemente um livro onde acusa Johan Cruyff de ceder demasiado à pressão da sua mulher e da sua família. «Os meus filhos iam com a polícia para o colégio e em minha casa também tive vigilância durante alguns meses. O Charly devia saber que tive bastantes problemas no fim da minha época como jogador aqui», explicou.
Recorde-se que a renúncia de Johan Cruyff ao Mundial da Argentina foi interpretada como um protesto contra a ditadura de Videla, mas algumas críticas disseram que foi a sua mulher a proibi-lo depois do escândalo do Mundial de 1974, em que o ex-jogador foi fotografado com outras mulheres.