O regime de internato assemelha-se àqueles estágios antes dos grandes jogos que quase todos os candidatos conheceram ao longo das respectivas carreiras como futebolistas, mas desta vez com muito pouco trabalho físico e mais teoria. Os candidatos contam com comida e roupa lavada (equipamentos da FPF) durante dezoito dias e só vão contar com os domingos livres até 9 de Julho.
Grande parte dos candidatos passaram por grandes clubes enquanto futebolistas e Jorge Castelo, responsável pela metodologia do treino, espera encontrar alunos já com uma forte experiência em algumas áreas. «Estamos ainda a começar, mas de qualquer forma tenho a certeza que estes jogadores contam com uma experiência diferente porque muitos deles apanharam treinadores já com outra cultura, outra dimensão e outras preocupações. Confiamos sempre que as próximas gerações, tanto esta como as próximas, venham sempre com outros problemas, cada vez mais evoluídos e cada vez mais complexos para resolver», contou.
No entanto, o facto de se terem destacado como jogadores não quer dizer que venham a ter uma carreira paralela como treinadores. «Se isso fosse verdade os melhores treinadores do mundo seriam o Pelé, o Maradona e o Eusébio. É verdade que diferentes experiências podem resultar em bons treinadores. Eles tanto podem vir de uma prática bastante sistematizada, ou seja de equipas de alto nível, como podem vir de equipas que nunca atingiram o esterlato e podem vir a ser bons treinadores. Até há casos de bons treinadores que nunca chegaram a ter um treino sistemático de futebol, temos o caso do Erikson, como muitos outros casos de treinadores de classe mundial que pouco tocaram na bola», acrescentou o professor da Faculdade de Motricidade Humana, com doutoramento em ciências do desporto na área da metodologia do treino e com vários trabalhos publicados sobre a estrutura e dinâmica do jogo,.
Uma das preocupações de Jorge Castelo será corrigir alguns «vícios» que os candidatos adquiriram como jogadores. «A minha área são cinquenta horas e à medida que as coisas vão andando vamos encontrando, não digo vícios, mas alguns aspectos que estão desarrumadas e que é preciso arrumar e desenvolver», referiu.
Estrutura orgânica e funcional do curso de III Nível:
Direcção do curso: Carlos Silva (vice-presidente desportivo).
Direcção pedagógica: Rui Caçador (coordenador nacional de formação).
Coordenador do curso: Tiago Braz (departamento de formação)
Secretariado e administração: Manuela Ferreira (departamento de formação)
Equipamentos:Luís Carrapato (técnico de equipamentos).
Formadores das disciplinas nucleares:
Técnico-táctica (32 horas): Vítor Maças.
Metodologia do treino (52 horas): Jorge Castelo.
Capacidades motoras (34 horas): Manuel Pina.
Ciências do comportamento (12 horas): Pedro Almeida.
Medicina desportiva (9 horas): Rui Miller.
Leis do jogo (6 horas): António Silva.
Formadores das disciplinas complementares:
Novas tecnologias (2 horas): Rui Claudino.
Organização e política desportiva (3 horas): António Sequeira.
Total: 150 horas.
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