O curso de treinadores UEFA Professional (IV Nível) juntou 30 treinadores durante cerca de um mês em Rio Maior. Ulisses Morais e Litos conviveram juntos. Aprenderam os mesmos conhecimentos, comeram e dormiram no mesmo local, depois de na Superliga terem vividos realidades distintas.
Ulisses Morais começou a época no Estoril e terminou garantindo a manutenção do Gil Vicente. Litos estreou-se como treinador ao pegar nos canarinhos, que foram despromovidos para a II Liga. «Nós somos amigos, foi um privilégio ter trabalhado com ele. Um manteve-se e outro desceu, mas não há nenhuma rivalidade porque no futebol não há espaço para isso», afirma Litos, enquanto Ulisses Morais garante que no curso não existe nenhuma concorrência com o antigo adjunto: «Nós não conseguimos afastar o sentimento de muitos anos que temos e separamos as coisas. Agora estamos aqui para aprender e para nos valorizarmos, mas também para conviver brincando, para tornar estes 20 e tal dias mais saudáveis.»
Litos está sem clube e tem no horizonte a possibilidade de treinar no estrangeiro: «Há já contactos com alguns clubes e existe a possibilidade de sair de Portugal, agora não deixa de ser importante é que é necessário este canudo para podermos estar habilitados a treinar qualquer equipa da Europa.»
Já Ulisses Morais tem a convicção de que vai triunfar em Portugal e aproveitou o curso de treinadores para fazer uma auto-avaliação: «Estou a perceber o quanto era o meu conhecimento. Algumas coisas precisam de ser arrumadas e precisamos de lhe conferir o peso e a medida necessárias. Este é o momento da reflexão. Este curso não fará de nós melhores treinadores do que aquilo que somos, porque em cada um de nós existe um conceito, uma liderança e é um conjunto de aplicações que faz com que no futuro sejamos mais ou menos felizes. E não tem só a ver connosco, pois também tem muito a ver com o que vamos encontrar para poder trabalhar. Se dependesse só de nós seríamos o melhor treinador do Mundo, mas depende de muita coisas que estão associadas ao nosso trabalho.»
O treinador do Gil Vicente está bem protegido para as chicotadas psicológicas: «O jogo monta e desmonta muito facilmente o treinador. Cria-o mas também o mata. E tenho a consciência que vou subir. Vou escalar a montanha a pulso e chegar lá acima, mas vou com uma corda de segurança de modo a estar preparado, para se surgir uma rajada de vento estar prevenido, porque não sou treinador especificamente da Superliga. Sou treinador de futebol e se amanhã não estiver na Superliga vou fazer o meu papel da melhor forma noutra divisão.»