O D. Chaves tem a oportunidade de escrever mais uma página de história no próximo domingo. Tulipa é o «arquitecto» de uma obra que pode ficar para a posteridade, tal como acredita Jorge Silva, guarda-redes do Oliveirense e colega do agora treinador nos primeiros chutos na bola, de dragão ao peito.

Os dois conheceram-se ainda jovens, nas camadas de formação do F.C. Porto. Jorge Silva, um ano mais velho, apanhou o actual técnico do D. Chaves no segundo ano de júnior. Mesmo mais novo, Jorge Silva contou ao Maisfutebol que Tulipa já tinha uma personalidade forte.

«Era um jovem muito humilde e pacato. Apesar de pacato tinha uma personalidade forte. Era muito sincero, acima de tudo», indicou. O guarda-redes da Oliveirense lembra-se bem dos dotes futebolísticos do técnico flaviense, um «pensador» de jogo.

«O Tulipa era um excelente jogador. Tinha enormes capacidades e qualidades. Fez uma carreira brilhante. Ele era um pensador e um organizador de jogo muito bom. Construía muito bem o jogo no meio campo e era fortíssimo no último passe», contou.

Os dois seguiram destinos diferentes, mas tiveram a oportunidade de reencontrar-se mais tarde no Salgueiros. Decorria a época 1997/1998, e Jorge defendia a baliza da equipa onde Tulipa continuava com o seu estilo inconfundível.

«Quando o apanhei outra vez no Salgueiros ele era a mesma pessoa. Tanto a minha formação enquanto homem como a dele foi feita no F.C. Porto. Ele mudou para melhor porque ao longo da vida vamos aprendendo e evoluindo em todos os sentidos, mas ele continuou a manter a sua personalidade forte. Trabalhou sempre muito para os objectivos que se propunha atingir», recorda.

«D. Chaves não tem nada a perder no Jamor»

Tulipa pisou outros terrenos a partir de 2005. As chuteiras foram encostadas e trocadas pelo bloco de notas e o apito. A Ovarense acolheu no seu ano de estreia um treinador que ao final de cinco anos está na final da Taça de Portugal, ainda que não tenha conseguido evitar a descida do D. Chaves, onde chegou em Março, à II Divisão.

Jorge Silva sabe do que o antigo colega é capaz, e tem a certeza que evoluirá com a experiência: «Como treinador ele já teve algum sucesso. Ao longo do tempo, a experiência que vai ganhando pelos clubes onde vai passando pode fazê-lo adquirir as qualidades necessárias para se tornar num treinador de topo em Portugal.»

Centremos as atenções nas 17 horas do próximo domingo. O F.C. Porto pode conseguir minimizar os efeitos negativos de uma época menos conseguida com a conquista do único troféu possível até ao que resta do final da temporada. Mas Jorge Silva acredita nas hipóteses de Tulipa e do D. Chaves: «O Tulipa é um treinador novo, que apareceu recentemente. Mas já tem alguma credibilidade e algumas cartas dadas. Tem todas as capacidades para ser um líder de uma equipa. Conseguiu chegar ao D. Chaves e conseguiu incutir nos jogadores a ideia de que era possível chegar à final da Taça de Portugal. Agora já lá está e acho que vai fazer com que os jogadores acreditem que é realmente possível bater uma equipa como o F.C. Porto.»

«O jogo vai ser bastante difícil para o D. Chaves. O F.C. Porto é uma grande equipa mas o D. Chaves não tem nada a perder. Já conseguiram chegar bem longe e têm que se mentalizar que é possível. Têm que entrar no jogo com a consciência tranquila e demonstrar o melhor futebol que conseguem praticar, com uma mentalidade muito forte e um pensamento positivo», conclui.