O presidente do Paços de Ferreira diz que o que se passa no futebol português é «uma vergonha nacional». Antes da assembleia geral da Liga, que se realiza esta segunda-feira, em que vão ser discutidas propostas que visam condicionar o acesso às competições às equipas que cumpram as obrigações salariais, o dirigente diz estar empenhado ajudar a resolver estes problemas em nome da «verdade desportiva». Mas diz que os clubes devem encarar frontalmente a situação e não dar «tiros nos pés».

«A nossa posição é pugnar por alguma verdade no futebol. Por isso é que defendemos pressupostos mais exigentes para que estas situações que têm acontecido não se repitam», disse Fernando Sequeira em conversa com o Maisfutebol, lamentando que a falta de salários «para alguns clubes começa a ser regra».

O presidente do Paços de Ferreira admite que «há desigualdade entre os clubes» por vários motivos, desde a dimensão à capacidade de gerar receitas. Mas não concorda que a desigualdade se gere à custa da falta da quebra de compromissos salariais com os jogadores. «Quando em termos de salários se está a dever três e quatro meses a concorrência é desleal», refere.

«Vergonha nacional»

É por esta razão que defende que «tem de haver regras». «Não se pode ter um orçamento de dois milhões quando só se tem um», atira o dirigente. Garante que no seu clube tem conseguido manter as contas em ordem, mas que esta não tem sido uma tarefa fácil. «É pensar todos os dias de manhã à noite como é que podemos arranjar dinheiro para assumir os compromissos que temos», revela.

Fernanda Sequeira não concorda com soluções cegas e defende tolerância para quem se mostra empenhado em resolver os problemas. Mas sublinha que há casos de «ruptura completa» com os quais tem de haver rigor. «Não se pode dar um passo maior do que as pernas. Se temos de receitas uma determinada importância não podemos ter responsabilidades megalómanas».

O dirigente do clube concorda que têm de ser os clubes em conjunto a escolher os caminhos para corrigir o actual estado de coisas. Mas, alerta, maior parte das vezes são os clubes que impedem que se coloque um fim a casos crónicos de incumprimentos. «A Liga não pode impor nada se a assembleia geral não aprovar. No fundo, nós damos tiros nos pés», salienta.

«Tem de haver rigor, tem de haver flexibilidade, mas quanto baste, não pode haver descalabros. Isto é uma vergonha nacional. Não só para os incumpridores mas para todos os participam num campeonato deste género, em que não há verdade desportiva», conclui.