17 de maio de 2014, Camp Nou. 48 minutos, canto na direita para o At. Madrid, Diego Godín voa mais alto e marca o golo que faz dos «colchoneros» campeões de Espanha 18 anos depois. Fast forward para 24 de junho de 2014. Arena das Dunas, Natal. 81 minutos, canto na direita para o Uruguai, Diego Godín voa mais alto, acerta-lhe entre o ombro e a cabeça e faz o golo que põe a Celeste Olímpica nos oitavos de final do Campeonato do Mundo e manda a Itália para casa.

No intervalo entre um e outro, 24 de maio, Estádio da Luz. A jogada também começa num canto, acaba com um cabeceamento de Godín para o golo que, durante quase uma hora, fazia do Atlético Madrid campeão europeu. Depois foi o golo de Sérgio Ramos sobre o apito e a vitória do Real Madrid.

O central foi protagonista em três dos grandes momentos da história deste ano. Até ver, que a aventura no Brasil continua para o Uruguai. Quais são as probabilidades?

Godín tem 30 golos marcados na sua carreira já longa de 12 anos, nove deles esta temporada. Fez uma época de sonho em Madrid, no Brasil começou irregular, como o Uruguai, na derrota frente à Costa Rica na estreia.

Para o segundo jogo, com a Inglaterra, o capitão Lugano ficou de fora por lesão e Godín ganhou a braçadeira e ganhou a companhia do jovem José Maria Giménez, seu companheiro de equipa no At. Madrid, ao seu lado no centro da defesa. O Uruguai cresceu muito nessa partida, com uma grande exibição de Godín. Mesmo que os ingleses reclamem (e fizeram questão de o lembrar nesta terça-feira), que devia ter sido expulso nesse jogo por uma cotovelada a Sturridge. A acontecer, teria sido seguramente diferente esta história.

Mas Godín estava lá, no Arena das Dunas, e foi ele quem selou a remontada mundial do Uruguai, frente à Itália. Com o tal golo, tão parecido com o de Camp Nou.

Veja aqui as diferenças:


O golo à Itália foi um pouco mais estranho, na verdade. Godín tentou explicá-lo no final. «Vou com tudo a um canto, salto e nem sei com que parte do corpo lhe dou», disse: «Mas o importante é que seguimos em frente. Foi o triunfo da fé e do desejo.»

Não foi só o golo. Godín esteve imperial frente à Itália, veja estes números.



Godín faz manchetes por todo o mundo, por estes dias, e o seu valor de mercado disparou. Tão longe dos primeiros tempos. Ainda há poucos dias o presidente do Club Atletico Cerro contava
como em 2003 pagou 800 pesos, qualquer coisa como 27 euros, para contratar o jovem defesa, então com 17 anos, ao Defensor Sporting. «O Defensor deixou-o livre e o pai dele pediu a um amigo, que era adepto do clube, se conseguia que lhe arranjassem um lugar por seis meses, porque estava a estudar em Montevideu e queria continuar a treinar», contava Alfredo Jaureguiberry

A história segue com o relato de um episódio que profetiza a tendência de Godín para golos marcantes. A outra escala então, vá: «Chegou para seis meses e ficou para fazer história porque converteu de cabeça o golo 100 do Cerro em clássicos.»

Aos 28 anos, Godín está no pico da sua carreira. Internacional pelo Uruguai desde 2005, joga aqui o seu segundo Campeonato do Mundo. Em 2010 fez cinco jogos na alegre campanha da Celeste até ao quarto lugar na África do Sul, a ver onde chegará desta vez no Brasil o Uruguai, no Mundial que parece cada vez mais fadado para ter as equipas sul-americanas como protagonistas.

Depois da fantástica época 2013/14, Godín já estava nas bocas do mundo, como alvo de mercado de todos os grandes da Europa, a começar pelo Chelsea. Disse há dois dias que não sairá do At. Madrid. 

Veremos. Para já, deixem-no aproveitar o momento. Este dia foi dele, mesmo que tenha acabado a dividi-lo com Luis Suárez. Que ficou em branco desta vez, mas voltou a atacar. Literalmente.