Escrevi na última peça que o meu regresso ao futebol português estava próximo. Alguns de vós poderão, obviamente, pensar que de uma casualidade se tratou, mas na verdade essa foi uma forma implícita e subtil de alertar todos os que conhecem a minha personalidade para uma saída que se adivinhava.

Estou de saída de um clube gigantesco. E, parecendo uma contradição, estou feliz. Conheço-me melhor do que ninguém e sei que, perante a situação de trabalhar sem as responsabilidades e o protagonismo de sempre viveria desmotivado. E a minha maravilhosa família acabaria por sofrer. Assim, o acordo foi fácil. E agora, quando alguns estariam a lamentar a situação, de forma depressiva, posso estar, enérgica e apaixonadamente a projectar o meu futuro.

Acabei de dizer não ao convite do Newcastle United. Acabei uma carreira de treinador-adjunto que chegou ao mais alto nível. Vou iniciar uma vida nova com o desafio de pôr em prática o nível de conhecimento e experiência que atingi. Serei treinador principal.

Figo não teve culpa!

Aproveito estas linhas para ilibar completamente Luís Figo da acusação de ter influenciado a situação social e profissional dos portugueses em Barcelona. A minha saída e a provável saída do Vítor são pura e simplesmente a consequência lógica do mundo em que vivemos e em que o poder decisório de Direcções e treinadores é absoluto. Nada mais.

E que privilégio o meu, de trabalhar no F.C. Barcelona durante quatro temporadas, com os melhores treinadores e jogadores do Mundo, ganhando todas as competições do futebol espanhol, acrescidas da Taça das Taças e da Supertaça Europeia.

A terminar este tema, quero também pedir desculpas à Comunicação Social portuguesa. De facto, «fugi» de vós nos últimos dias, mas a situação incompleta e indefinida assim o impunha. Lamento.

Férias em Agosto

Agosto. Pela primeira vez nos últimos 12 anos terei férias no mês mais quente. Férias forçadas, mas férias. A minha mulher salta de alegria, a minha filha faz projectos, o miúdo come e dorme. Acredito que conseguirei, mas como mínimo prometo o esforço para esquecer as sensações estranhas de não ter futebol.

Terei que esperar, devorando informações e sistematizando ideias. Desejo a todos os colegas do futebol português o maior sucesso e a consecução dos objectivos a que se propõem. Terão em mim um observador atento e uma pessoa eticamente digna.