Neymar já inscreveu o seu nome na história do Campeonato do Mundo de 2014. No difícil embate com a Croácia, a camisola 10 do escrete voltou a balançar redes contrárias e o talento de 22 anos chegou aos 33 golos em 50 jogos pela Seleção.

Óscar confirmou o triunfo em cima do apito final (3-1), já sem Neymar em campo, garantindo um resultado que não encaixa no cenário de dificuldades que o Brasil encontrou na estreia.

Luiz Felipe Scolari, no regresso ao banco canarinho em Mundiais, voltou a assustar-se. A 3 de junho de 2002, a Turquia colocou a seleção brasileira em sentido com um golo de Hasan Sas. Ronaldo Fenómeno deu o mote para a reviravolta mas seria Rivaldo a garantir a vitória ao cair do pano, na conversão de uma grande penalidade.

Rivaldo, curiosamente, foi o último camisola 10 a marcar pelo escrete na competição. Algo que Ronaldinho Gaúcho (2006) e Kaká (2010) não conseguiram fazer. Neymar herdou o número mítico e justificou, assinando igualmente o 2-1 – com polémica à mistura - na sequência de um castigo máximo.

A história de 2002 terminou com o Brasil como pentacampeão. Será um bom prenúncio?

Por essa altura, Neymar tinha apenas 10 anos e preparava o início da sua aventura no futebol. O jogador não esquece aquele Mundial da Coreia/Japão e confessa que fez um corte semelhante ao de Ronaldo Fenómeno na prova.

«Em 2002, sei que tinha um corte de cabelo como o Ronaldo e lembro-me de festejar as nossas vitórias. Não me lembro de muito, mas sei que vi todos os jogos.»


33 golos em quatro anos de seleção

Neymar da Silva Santos Júnior chegou às camadas jovens do Santos em 2003 e, em 2010, já empolgava na formação principal. Ainda assim, Dunga não cedeu à pressão mediática e deixou a promessa de fora.

A estreia pela seleção principal surgiria pela mão de Mano Menezes, logo após o Campeonato do Mundo na África do Sul. Um golo no primeiro jogo, a 26 de julho de 2010 frente aos Estados Unidos da América, serviu de aviso para uma média impressionante.

Quatro anos mais tarde, Neymar chega às 50 internacionalizações e aos 33 golos. É um facto: aos 22 anos, pode orgulhar-se de ter atingido esse número em menos jogos que Cristiano Ronaldo ou Leo Messi.

O camisola 10 lança a candidatura ao título de melhor marcador do Mundial. Pelo caminho, alcança Jairzinho e Ronaldinho Gaúcho na lista de maiores goleadores de sempre na Seleção do Brasil. Rivaldo (34 golos) está a um curto passo. 


Um amarelo, quatro remates, dois golos

O Brasil-Croácia não foi propriamente fácil, longe disso. A equipa de Scolari entrou mal no jogo, foi surpreendida pela esperteza do veterano Olic e Marcelo virou inesperado protagonista, marcando na própria baliza.

Foi o primeiro autogolo de um jogador brasileiro em Campeonatos do Mundo e também a primeira vez que um torneio arrancou dessa forma. O golo croata não caiu no céu e parecia fazer sentido perante uma canarinha sem ligação entre setores, com meio-campo e ataque desligados.

Neymar foi a chave para a mudança. Recuou no terreno e chegou a iniciar jogadas na linha intermediária, primeiro sem grande sucesso e depois com uma iniciativa determinante.

Fica a mancha, de qualquer forma: ao minuto 26, com 0-1 no marcador, o avançado do Barcelona quis discutir um lance aéreo, olhou para Modric e acertou-lhe com o braço. Escapou com o cartão amarelo, mas podia ter sido pior. Aceita-se.

Logo depois, o empate. Neymar começa por perder a bola no corredor central, Paulinho recupera num ápice e o 10 aproveitou. Do nada, um remate feliz com o pé esquerdo, levando a bola a caminho vagarosamente para junto do poste esquerdo.

«Os meus chutes costumam sair mascados (risos). Queria que saísse em baixo, mas não tão fraco como saiu. O que importa é que foi golo».

Já na etapa complementar, e em novo período cinzento do Brasil, surgiu o castigo máximo conquistado por Fred. Momento polémico e oportunidade para Neymar. A espera, os dois passos para o lado e o pontapé seco, a meia altura, com Pletikosa a tocar sem evitar o 2-1.

Oito anos mais tarde, um jogador a bisar no Mundial. Tinha acontecido o mesmo com Miroslav Klose e Paul Wanchope no Alemanha-Costa Rica de 2006 (4-2).

Neymar abandonou o relvado ao minuto 88, debaixo de uma ovação. Afinal, o menino que carrega a esperança canarinha nos seus ombros conseguiu disfarçar a modesta exibição da Seleção. Foram dois golos em apenas quatro remates e nenhum deles para fora.