O jogo entre o Sporting e o Benfica deste sábado será o quarto dérbi desta temporada entre os dois rivais de Lisboa. O primeiro jogo foi em campo neutro; o segundo foi na Luz, na primeira volta da Liga; o terceiro foi em Alvalade, para a Taça de Portugal, em novembro passado.

Leões e águias voltam a reencontrar-se de novo e de novo em Alvalade, agora para o jogo da segunda volta do campeonato. O cenário é o mesmo, os atores também, mas vários jogos já se fizeram desde o jogo da Taça até este reencontro. O que mudou desde o último jogo entre sportinguistas e benfiquistas?

Os momentos

O Sporting chegou ao dérbi da Taça de Portugal depois de um triunfo em Arouca, que se tinha seguido à derrota para Liga Europa na Albânia com o Skenderbeu (antecedida por uma série de cinco triunfos).

A dinâmica de vitórias internas que caracterizou esse momento da época leonina teve como exceção o jogo da Albânia; em que os titulares das competições internas que entraram em campo foram também eles mesmos exceções.

No presente, os leões continuam a vencer como regra, mas têm de recuar do empate com o V. Guimarães e da derrota em Leverkusen (que significou a eliminação da Liga Europa) para recuperar o último triunfo, frente ao Boavista, que se seguiu à derrota em casa com o Bayer.

Antes do dérbi da Taça, o Benfica vinha de três vitórias consecutivas (uma na Liga dos Campeões) que se seguiram à derrota com os leões da primeira volta da Liga e à derrota com o Galatasaray.

Nesta altura, o Benfica está novamente com uma série de três triunfos (com mais uma vitória na Champions incluída pelo meio) depois da derrota em casa com o FC Porto que pôs fim a um ciclo de onze triunfos.

Os pontos somados desde então

À décima jornada, quando se defrontaram em alvalade para a Taça de Portugal, o Sporting liderava o campeonato com 26 pontos e o Benfica era o quarto classificado, com 19 pontos. Os leões tinham dois pontos de vantagem sobre o FC Porto e quatro sobre o Sp. Braga.

Da décima jornada para cá, os leões somaram 33 pontos (18 vitórias, três empates e uma derrota), o Benfica somou 39 pontos (13 vitórias e uma derrota). A equipa de Jorge Jesus continua a liderar a Liga e a diferença para o perseguidor mais próximo mantém-se reduzida.

À entrada deste dérbi da segunda volta do campeonato, os leões têm uma vantagem mínima de um ponto e este jogo é decisivo para a liderança: ou reforçada para quatro pontos, ou na posse das águias – se houver um vencedor do jogo, claro está.

Os reforços utilizados (ou não) e as saídas

O Sporting esteve muito ativo na última janela de transferências e são seis os novos elementos que Jorge Jesus tem utilizado quer na última eliminatória da Liga Europa quer em vários jogos do campeonato.

Para o plantel Sporting entraram a meio da época Rúben Semedo (utilizado em seis jogos, cinco da Liga), Coates (totalista em três jogos da Liga), Schelotto (jogou em quatro jogos na Liga dos sete feitos), Zeegelaar (titular em sete jogos, cinco da liga), Bruno César (utilizado em oito jogos, seis da Liga) e Barcos (36 minutos em 2 jogos).

Do plantel leonino saíram no mercado de inverno Montero, Rosell (sem utilização), Jonathan Silva, Marcelo Boeck e Tanaka.

Já o Benfica foi bem mais comedido em mudanças a meio da temporada e, ainda mais, em novidades nos utilizados por Rui Vitória. De três entradas no futebol dos encarnados, apenas Grimaldo fez minutos (90, frente ao U. Madeira) na Liga. Saponijc foi para a equipa B e Jovic ainda não jogou.

Do plantel da Luz saíram desde o jogo da Taça Cristante e Djuricic. O italiano quase nada foi utilizado enquanto permaneceu na Luz (jogou quatro minutos em duas vezes a partir do banco, já depois do jogo da Taça). O sérvio jogou 20 minutos em dezembro.

Leões ausentes e águias de regresso

Paulo Oliveira será o grande ausente deste dérbi em relação ao jogo de novembro, pelo lado dos leões, no que respeita a jogadores impedidos por lesões. Em Alvalade já não está Fredy Montero, titular no jogo da Taça ao lado de Slimani.

No Benfica, é o central Luisão que não jogará neste sábado, pois o capitão encarnado fraturou o braço precisamente no jogo de novembro e está parado desde então. Em fereveiro deste ano, Luisão já perspetivava o regresso à competição, mas uma refratura implicou o prolongamento da sua ausência.

Mas no Benfica também há regressos. Nelson Semedo e Salvio são dois jogadores que estão de volta às opções do Benfica de há alguns jogos para cá, embora não tenham regressado com o estatuto de titulares.

O extremo argentino voltou de uma longa paragem iniciada desde o final da última época. O lateral direito português começou a época a titular, mas lesionou-se ainda antes da Taça e o lugar no onze passou, entretanto, a ser de André Almeida.

As novidades nos onzes (previsíveis)

Decorrente dos dois último pontos, os dois onzes devem andar entre as três (para os leões) e as quatro (para as águias) alterações entre o jogo de novembro e o deste sábado.

No Sporting. Coates deverá ser opção no centro da defesa e, sem Paulo Oliveira, (se na Taça jogou Ewerton – Naldo foi expulso em Arouca e ficou suspenso) agora deverá ser mesmo Naldo (regressado de lesão) o outro central escolhido.

No ataque leonino, face à já referida saída de Montero, Jorge Jesus deverá optar entre uma de duas hipóteses: ou jogará Bruno César mais na esquerda do ataque com Bryan Ruiz mais perto de Slimani pelo centro; ou o costa-riquenho ficará mais colado ao flanco sendo Teo Guitérrez a fazer dupla com o argelino.

Mas tudo dentro do modelo de jogo que Jorge jesus conseguiu incutir na sua equipa desde cedo na época.

Do lado benfiquista, as mudanças no ataque deverão ser ainda mais significativas de um jogo para o outro. A começar logo pelo facto de que, na Taça Rui Vitória apresentou só um avançado em Alvalade – que, no caso foi Mitroglou.

Desta vez, Jonas será seguramente titular com o grego ao seu lado à frente de um meio-campo de quatro elementos. Neste sector não caberá Talisca (como aconteceu em novembro) e Renato Sanches voltará ao seu lugar (depois de ter sido poupado na última jornada).

Por altura do dérbi da Taça, Gonçalo Guedes ainda era um dos intocáveis de um meio-campo do Benfica ainda à procura da sua identidade definitiva. Essa começou a ser ganha sensivelmente a partir deste jogo em que, por coincidência ou não, com uma maior aposta em Pizzi, titular no jogo de novembro.

Enquanto Pizzi foi ganhando o seu espaço a Guedes, o Benfica viu também aparecer no seu meio-campo a terceira revelação vinda da formação. Renato Sanches entrou na equipa e pegou de estaca ficando a partir de então mais definida a identidade atacante dos encarnados.

Na defesa do Benfica, André Almeida é o titular na lateral direita (na Taça foi Sílvio) e, no centro, a substituição de Luisão tem duas hipóteses. Lisandro deverá ser o primeiro escolhido se estiver recuperado. Mas, apesar de apto, o argentino esteve algum tempo parado e Lindelöf é um sério candidato ao lugar.

O aliviar da crispação

Com a estreia dos dois treinadores em jogos oficiais pela respetiva equipa num dérbi que os opôs – a técnicos e clubes – os recados, as indiretas, as diretas mesmo, maiores ou menores, dirigidas de uma parte a outra fizeram dos três jogos entre Sporting e Benfica momentos de grande crispação entre os dois eternos rivais ao longo da época.

O ambiente parece ter serenado, entretanto. No dérbi da Taça, em concreto, a picardia foi ao ponto de as polémicas envolverem as horas das conferências de imprensa de antevisão do jogo feitas pelos dois treinadores.

A conferência de imprensa de Rui Vitória foi marcada de véspera, numa quinta-feira, para as 19:00 do dia seguinte, quando o Sporting tinha indicado que ainda não tinha hora marcada para Jorge Jesus falar na sexta-feira. Chegado o dia das conferências, os leões anunciaram que Jorge Jesus responderia às perguntas às 19:30.

O treinador do Sporting apareceu à hora combinada. O treinador do Benfica atrasou-se três quartos de hora e acabou por começar a sua conferência de imprensa cerca de 15 minutos depois de Jesus. Esta rábula foi mais um motivo para uma troca de galhardetes entre a coleção que ia sendo feita por essa altura.

Jorge Jesus entrou, assim, mais cedo e não perdoou: «Horas combinadas: 19.30. Estamos aqui a horas para falar. Somos pontuais.» Rui Vitória desvalorizou a hora da sua entrada em cena: «O atraso desta conferência? Os jogos ganham-se jogando os noventa minutos, não na conferência de imprensa. Podemos falar de avanços ou de atrasos, mas nada que ver com conferências de imprensa.»

Ora, Rui Vitória informou já desde segunda-feira que fará a antevisão na sexta-feira, novamente marcada para as 19:00. O Sporting só deverá informar o horário na véspera. O ambiente está, claramente, mais calmo, mesmo que as palavras do presidente do Benfica sobre Slimani já tenham sido comentadas pelo Sporting. Mas, quanto aos técnicos, o machado tem-se mantido enterrado.