1. Encaixe estrutural no sistema leonino
Tal como já afirmado em análises anteriores, sob o ponto de vista estratégico tem sido interessante assistir à forma como as diferentes equipas se vão preparando para tentar contrariar o 1x3x4x3 do Sporting de Ruben Amorim. Uma das soluções que vem sendo usada é a utilização de uma estrutura similar de forma a encaixar estruturalmente na equipa sportinguista. Para isso, equipas que habitualmente jogam com uma linha de quatro defensas, têm optado por uma linha de cinco a defender (ou três a atacar). Vimos isso recentemente na Taça da Liga, em que o FC Porto optou por essa estratégia, e esta segunda-feira voltámos a vê-lo por parte do Benfica. Aliás já na Taça da Liga contra o Sp. Braga (que no processo ofensivo apresenta algumas semelhanças estruturais com o Sporting), a equipa encarnada havia usando essa estratégia. Não foi por isso grande surpresa, por isso, verificar que o Benfica tinha preparado para este jogo a estratégia do encaixe, incluindo mais um defesa central (fazendo depois baixar Weigl perante lesão de Jardel nos minutos iniciais), perante um Sporting que tem sido fiel a esta estrutura.

2. Pressão mais forte do que a criatividade
Ambas as equipas tentaram evitar que o adversário contruísse jogo desde o seu guarda-redes, jogando com as linhas muito subidas sem bola e tentando anular a primeira fase de construção do adversário. Isto fez com que o jogo fosse quase de pares e pautado por muitos duelos individuais, com pressão constante ao portador da bola. Com 3x3 na construção (os três avançados tinham como missão pressionar os três defesas com bola, com os médios a encaixarem 2x2 (e sempre preocupados com movimento do seu par) e com laterais/alas a saltarem alto para pressionar o lateral/ala contrário. Linhas defensivas subidas e agressivas a saltarem na pressão caso a bola entrasse num avançado adversário entre linhas. Ambas as equipas com eficácia na pressão e a não permitirem que o adversário circulasse e tivesse tempos altos de posse de bola. Havia pouco espaço, pouca fluidez de jogo. Equipas preocupadas em não se exporem muito com bola, com equilíbrio posicional para não permitirem contra-ataques. Com tanta luta e equilíbrio não se conseguiam criar situações próximas da baliza. Tal como em jogos anteriores, a pressão ia levando a melhor que a criatividade e a criação.

3. Sporting jogou na profundidade, Benfica procurou apoios
Com pouco espaço para se jogar, era na profundidade que a equipa do Sporting ia tentando criar algum perigo. Partindo da liberdade e disponibilidade de Tiago Tomás, sempre muito móvel, ora baixando para atrair, ora pedindo no espaço, o que fez em alguma alternância com Pedro Gonçalves, caindo ora um, ora outro com frequência no corredor direito. Pedro Gonçalves que, refira-se, teve poucas situações para receber em apoio entre-linhas, pelo que ia também procurando algumas situações de receção de bola no espaço. Pelo contrário o Benfica não usava tantos movimentos à profundidade. Darwin Nunez quando o tentou foi apanhado em fora de jogo (apenas um bom movimento com perigo no início da segunda parte), pelo que acabou por ser mais solicitado em apoio, onde não pareceu sentir-me tão confortável. Rafa e Cervi, também eles, fizeram mais movimentos para receberem em apoio, sendo que a intenção de Rafa foi sempre procurar espaços dentro e fora para receber e acelerar em condução sobre a linha defensiva adversária.

4. Um cruzamento fez a diferença
O tempo de jogo ia fazendo surgir um pouco mais de espaços no corredor central. Tornou-se mais possível aos médios terem bola, pelo que começaram a existir mais aproximações às grandes áreas. Contudo, as linhas defensivas de cinco iam-se mantendo estáveis e com capacidade para lidar com os ataques adversários. Na altura de começarem a mexer nas equipas ambos os treinadores optaram pela mesma lógica. Manter a estrutura, manter o equilíbrio, mexer com as caraterísticas dos jogadores e trocar alguns de posição, mas sem grandes alterações estruturais. O equilíbrio não se desfez. Um jogo não muito bem jogado com bola e sob o ponto de vista do espetáculo, sem grande nota artística.  Um encaixe perfeito entre as equipas, que procuraram muito anular o seu opositor, levando o jogo para um plano de luta e duelo. A vitória acabou por cair para o lado do Sporting já nos descontos, numa situação de cruzamento e com a bola a sobrar para Matheus Nunes, já depois de ter sido sacudida pelo guarda-redes benfiquista e sem tempo sequer para qualquer ajuste tático das equipas à mudança do marcador.