A sua revista digitalUma certeza no meio das dúvidas para o Sporting-Benfica de sábado, 300º dérbi dos rivais lisboetas. O leão não terá Marvin Zeegelar na lateral-esquerda, fruto de um castigo por quinto amarelo. Uma ausência que pode ter efeito dominó e alterar onzes e estratégias dos técnicos Jorge Jesus e Rui Vitória.
O Maisfutebol ouviu dois treinadores, Litos com passado no meio-campo leonino, e Vítor Paneira, que fez currículo na Luz.
O ex-jogador do Sporting considera Jefferson «o melhor lateral» do plantel verde e branco, mas crê que será Bruno César a ocupar o posto. Por outro lado, o antigo extremo-direito dos encarnados admite a manutenção do 4x4x2, mas com características diferentes, porque o Benfica «joga para dois resultados».
«Jefferson é o melhor lateral, mas joga Bruno César»
O quinto amarelo de Marvin Zeegelaar lançou o debate: quem joga a defesa esquerdo? Bruno César, Jefferson, Esgaio?
Litos acredita a escolha vai recair no chuta chuta, mas até sublinha que «é uma pena se vier a jogar a lateral-esquerdo», porque «teve boas atuações em posições mais avançadas».
O antigo médio leonino argumentou, porém: «Sabemos que o Bruno César não é muito rápido, mas não acredito que o Jorge Jesus deixe o Bryan Ruiz de fora do onze outra vez. É isso que me leva a acreditar que é o Bruno César que vai jogar.»
Litos acrescentou que Salvio, extremo que tem sido titular no Benfica, «também não está com a velocidade de outros tempos» o que poderá beneficiar a escolha por Bruno César.
No entanto, do outro lado poderá haver uma resposta estratégica a tal facto. «Poderá haver aqui um jogo tático. Creio que o Rui Vitória não vai mudar muito o onze inicial, mas se pensar no Bruno César a lateral pode mudar para lá o Rafa», disse Litos, a pensar na velocidade do ex-bracarense.
O treinador de São João da Madeira sublinhou, porém, as qualidades do outro esquerdino candidato ao lugar de Zeegelaar.
«Há muito tempo que tenho esta opinião, desde que ele jogava no Estoril. O Jefferson é um lateral extraordinário, moderno, com a capacidade física que tem. Tem uma grande eficácia nos cruzamentos e para mim é o melhor lateral que o Sporting tem. Agora, não sei se por algumas situações, como lesões ou o facto de poder sair, lhe ditaram este afastamento.»
Quando se olha a equipa leonina, há outro dado muito relevante nas últimas semanas. O regresso do capitão Adrien Silva.
«Tem sido sempre decisivo!», frisou Litos. «Noutros jogos, inclusive nesta série de vitórias, houve exibições que não encheram muito o olho, mas com o regresso dele já se notaram diferenças», declarou o antigo jogador dos leões.
«Houve um maior controlo, o Sporting mais tempo por cima. É o jogador com mais anos, juntamente com o Rui Patrício e só é pena que esta época tenha estado tanto tempo fora», lamentou.
Litos é da opinião de que «o Sporting não vai mudar além da ala-esquerda» e que Jorge Jesus, apesar de já o ter feito na Champions, não tem motivos para o fazer agora «pelo momento da equipa».
E o momento leonino vive muito à custa da dupla Alan Ruiz/Bas Dost, a melhor no futebol português para o treinador do Sporting.
Litos concorda que «em alguns aspetos é, mas tem de se dizer que a dupla Jonas/Mitroglou também é consistente, assim como a de Soares/André Silva, apesar de ter menos tempo».
Empatado a dez minutos do fim, o que deverá Rui Vitória fazer?
O Benfica nunca tinha repetido um onze nesta temporada até esta última jornada. O encontro com o Sporting encerra características por si só especiais, mas o empate do FC Porto em Braga e a consequente vantagem de três pontos dos encarnados traz à estratégia encarnada outras hipóteses, de acordo com Vítor Paneira.
«Acredito que Rui Vitória vá mudar alguma coisa, porque o Benfica joga para dois resultados. Não vai mudar o 4x4x2, mas creio que vai jogar com uma estrutura mais equilibrada, porque este dérbi pode valer mais do que três ou um ponto, pode ser a chave do título», justificou o antigo treinador de Tondela e Varzim, para falar nos emblemas mais recentes.
Paneira explicou a ideia anterior.
«Admito que o Benfica altere algumas caraterísticas do 4x4x2, para ter uma maior agressividade no meio-campo. Não descarto o Pizzi jogar na ala direita e manter sempre os dois avançados. O Benfica não mudou o 4x4x2 nas provas europeias, não seria agora, com todo o respeito pelo Sporting, que o faria.»
O antigo médio da Luz considerou que «Jonas vai jogar nas costas de Mitroglou, baixando quando não tiver bola e voltando para lá quando o Benfica estiver em posse».
No entanto, o avançado brasileiro está em dúvida para a partida, depois de ter-se lesionado no último encontro, com o Marítimo. Para Paneira, a primeira opção é «Rafa passar para a zona central e colocar outro extremo na esquerda», mas a tal ausência de Zeegelaar na lateral leonina pode levar a um dado novo: «Jefferson seria por natureza a opção do Sporting, mas não sendo ele, penso que o Benfica pode explorar isso.»
Conforme Vítor Paneira disse, dois resultados mantêm o Benfica na liderança, independentemente do que aconteça no FC Porto-Feirense, do dia seguinte.
Desse modo, num cenário de igualdade a dez minutos do fim do dérbi, que deve fazer Rui Vitória? Conter riscos?
«Isso é sempre uma questão de conjuntura», justificou Paneira. «Mesmo a dez minutos do fim, se estiver inclinado para o Benfica, o Rui Vitória não alterará, como fez em Moreira de Cónegos, por exemplo, em que meteu o Samaris e segurou o jogo». Ou seja, o antigo jogador do Benfica é da opinião de que se a equipa encarnada estiver por cima, «deve continuar à procura do triunfo».
Vítor Paneira acrescentou: «O Sporting vai estar motivado. O jogo não lhe vai dar o título, mas basta a História, a rivalidade. Por todas estas razões, vai ser um jogo que o Benfica vai ter de saber gerir.»
Parece não haver dúvidas, portanto, que o leão não vai ficar à espera do rival, mas o antigo técnico do Tondela frisou que «o Benfica é líder, já venceu em Alvalade na época passada, já venceu o Sporting este ano e vai entrar forte».
As águias terão de gerir bem os acontecimentos e quando Paneira foi questionado sobre o controlo emocional, respondeu que «já não é como há 20 ou 30 anos».
O antigo jogador do Benfica concluiu de seguida: «Nessa altura, nós jogadores vivíamos cá fora o que se vivia lá dentro. Agora é tudo preparado ao milímetro, há psicólogos, o futebolista habitua-se à importância destes jogos e está concentrado e consciente do que se disputa.»
E o que se disputa é o dérbi, a maior festa do golo do futebol português e no qual o 0-0 é uma coisa muito, muito rara.
