Mesmo ferido de morte, o Académico de Viseu esteve quase a subir de divisão, na última época que realizou enquanto CAF. Na II Divisão, em 2004/05, um antigo campeão do mundo (Lisboa, 1991) levou a equipa ao terceiro lugar da Zona Centro. A Liga de Honra, e o Sp. Covilhã, ficaram a apenas cinco pontos. Rui Bento tinha acabado de sair do Sporting, onde fora campeão como jogador, tal como no Boavista e no Benfica. Tempos em que tinha todas as condições, ao contrário da estreia como treinador.
«Foi difícil. Foi uma situação complicada, mas em termos de experiência foi excelente. Houve união de toda a gente. Os jogadores formaram um grupo fantástico. Houve pessoas que passaram por dificuldades, mas é uma equipa que vou recordar para sempre. O que trouxemos de Viseu foi isso: gente que foi capaz de dar tudo», contou o treinador.
Recuar aos tempos do Académico é, para Rui Bento, lembrar como se consegue dar a volta por cima na vida: «Fui convidado para o CAF com os jogadores já escolhidos. Depois chegaram alguns, como o Cajú. Em termos desportivos, poucos foram aqueles que não lucraram com a passagem por Viseu. Apostaram todos em jogar e melhorar a própria situação profissional. Todos conseguiram. Nunca me vou esquecer daquela equipa. Foi uma grande lição de vida para todos.»
Naquela época, também houve quem pensasse em não actuar, em reclamar o que faltava. Não era o sair à rua, antes ficar em casa como forma de protesto. No entanto, os jogadores apareceram sempre. «Houve algumas ameaças de greve, havia problemas para resolver, mas também existiu muita união», conta Rui Bento, declarando até que «o enquadramento do balneário era o ideal para ter sucesso». Já quanto às greves: «Eles pediam-me a opinião. Eu sempre disse que o que eles decidissem estava bem. Alertei para a situação de estarem sem competir e decidiram continuar.»
Por fim, Rui Bento voltou à ideia de que, onde quer que vá, espera encontrar no balneário os rostos que viu em Viseu: «Ainda mantenho contacto com alguns jogadores. Estive em muitos grupos mas aquele era muito forte. Gostaria de ter aqueles jogadores e aquela forma de estar em todos os clubes em que passei.»