João Manuel Nabeiro não ouve nada além da voz da consciência, que diz que a realidade do Campomaiorense não é mais ampla do que o futebol regional. Seis anos depois de ter decidido acabar com o profissionalismo, o dirigente acredita que não basta começar de novo, é necessário não cometer os erros do passado. Para isso mantém-se firme nos seus intentos: o conjunto raiano não sai de onde está.
«Enquanto for presidente a ordem será a de não subir. Estamos a falar de dinheiro e não de outra coisa. O Campomaiorense consegue 13 mil euros de quotização e não tem apoios, nem locais nem estatais. Temos 20 trabalhadores efectivos e esse dinheiro não chega para pagar metade do mês. Esta é a realidade do meu clube, não há que escondê-la. Queremos manter o futebol sénior do Campomaiorense no Regional e mesmo que a equipa consiga ficar nos lugares de subida não sobe», avisou.
Apesar das dificuldades financeiras, Nabeiro não se sente derrotado. Defende que tudo está como previu em 2002: «O nosso projecto está em velocidade de cruzeiro, está tal e qual o anunciei. Não mantenho os sete anos, mantenho os dez, vinte ou trinta até que possamos voltar à I divisão. Mantenho o que tenho hoje. Não tenho apoios institucionais, apenas de uma empresa, a Delta Cafés. Não dá para mais. Trabalhamos com o que temos cá em casa. Damos acima de tudo as condições de uma instituição moderna.»
Um clube mais vivo que em 2002
O líder dos campomaiorenses orgulha-se do que conseguiu nos últimos tempos. O clube virou-se para a população da vila e colocou um pouco de lado o orgulho de ter uma equipa de futebol. Nabeiro aproveitou o investimento feito na equipa profissional nos últimos anos e abriu as portas aos habitantes de Campo Maior.
«Temos um gimnodesportivo, um ginásio, um circuito de manutenção, um centro de saúde, que tem cerca de 1500 consultas em média por mês, em 20 especialidades diferentes, tudo nas instalações do clube e ao dispor da população. Temos futebol dos infantis aos seniores, basquetebol, futsal e ginástica. O clube está muito mais vivo agora do que há seis anos», garante Nabeiro.