No presente, a actividade desportiva na Ovarense limita-se aos escalões de formação, que albergam cerca de 200 atletas. Os seniores estão pelo segundo ano sem competir mas, se o negócio com a Global Group Sadia for em frente [ver artigo relacionado], os vareiros voltarão a ter uma equipa na próxima temporada.
«Acredito que isso sucederá. Mas, enquanto eu estiver cá, jamais teremos futebol profissional. A partir de agora, apostaremos essencialmente na nossa formação e em jogadores que sintam amor pela camisola da A.D. Ovarense», assumiu ao Maisfutebol o presidente Jorge Henriques.
Jogadores do calibre de Artur, cremos nós. O ex-capitão afastou-se do clube em Dezembro de 2005, após 17 épocas em Ovar, e é actualmente um dos principais credores da instituição. O actual médio da Oliveirense explicou-nos o drama vivido na terrível temporada de 2005/06.
«Rescindir com a Ovarense foi a decisão mais difícil da minha vida. Este será sempre o clube do meu coração. Fui até ao limite, mas estar sem receber durante dez meses é insustentável», diz-nos Artur.
«Já não tinha dinheiro. Recorri à minha família e ao sindicato. A gota de água surgiu dois dias antes do Natal de 2005. A direcção de então prometeu-nos pagar dois meses de ordenados e pediu-nos para irmos buscar os cheques ao estádio. Quando chegámos lá, não havia ninguém à nossa espera.»
Dívidas de 10 milhões vs. activo de 2,6
O presidente Jorge Henriques, naturalmente, tem um discurso de optimismo. Mas os factos são preocupantes e só a compreensão e a boa vontade dos credores poderá sustentar um futuro digno à Ovarense.
Nesta altura, ao que soubemos por fonte do Tribunal de Ovar, o clube deve perto de 10 milhões de euros, com a banca a representar mais de 50% destes compromissos. A lista é completada por antigos colaboradores, fornecedores, Estado e outros prestadores de serviços.
Fundada a 19 de Dezembro de 1921 (86 anos), o património da Ovarense está limitado ao Estádio Marques da Silva, avaliado em cerca de 2,6 milhões de euros.
«Quando cheguei à presidência, não havia um cêntimo nos cofres. Demos vida ao clube, abrimos o bar e colocámos os sócios a pagar as quotas. Temos que encarar todos os males através de uma gestão rigorosa. Vamos tentar sensibilizar os nossos credores e enobrecer a Ovarense», atirou, fleumático, Jorge Henriques.