O que mais assusta na derrota do Sporting em Portimão nem foi o resultado. A forma como o Portimonense venceu, isso sim, é que é atemorizante.

A formação de José Peseiro correu muito e correu mal.

Foi, aliás, uma desorganização completa: não soube ocupar espaços, não percebeu as movimentações adversárias e não acertou nas marcações. Não jogou com uma equipa adulta.

O primeiro golo do Portimonense é sintomático.

Uma triangulação simples, básica, toca para trás e vai receber à frente, desmontou por completo a defesa leonina. Coates está a marcar Wilson Manafá mas faz o movimento para seguir a bola e deixa Manafá solto para receber a bola e partir em direção à baliza.

O segundo golo é também uma boa amostra do que antes se disse.

Battaglia vai pressionar Manafá, que toca para Nakajima e Battaglia vai pressionar Nakajima (que estava a ser marcado por Ristovski). Manafá fica solto, Nakajima toca para Paulinho, que devolve a Manafá. Acaba por ser Bruno Fernandes que marca o adversário junto à linha de fundo. Ristovski e Battaglia foram atrás da bola e deixaram Nakajima solto para receber e rematar para golo.

Todos os jogadores corriam atrás da bola e nenhum ficava a marcar o adversário, portanto.

O que é um sintoma clássico de uma equipa que quer tudo, mas não sabe como. De uma equipa em défice de confiança, de maturidade e de segurança.

Tenta compensar com longas correrias o que não consegue fazer com inteligência.

O momento temerário e inseguro do Sporting não é de hoje, aliás. Há várias semanas que a equipa caminhava no fio da navalha, capaz de cair para qualquer um dos lados.

Basta recordar que venceu o Moreirense e o V. Setúbal sempre nos 25 minutos finais, que bateu o Feirense nos últimos minutos e que ganhou em Poltava já nos descontos.

Perdeu em Braga e foi encostado às cordas na Luz.

O empate no dérbi, aliás, somado a algumas vitórias arrancadas a ferros (só os dois triunfos sobre o Marítimo terão sido mais tranquilos) foram disfarçando o óbvio. Até que não deu mais.

A paragem que se segue para compromissos das seleções chega por isso numa boa altura: há muito para corrigir e trabalhar em Alcochete.

A época começou com demasiado barulho fora de campo e pode tornar-se muito longa dentro dele.