Quando falo dos resultados desportivos do Sporting, lembro-me sempre de uma frase de Frederico Varandas durante a campanha eleitoral. Dizia na altura o candidato a presidente que o Sporting não pode, de forma alguma, falhar o apuramento para a Liga dos Campeões.

E justificava que falhar o apuramento para a Liga dos Campeões tinha um custo gigante, na ordem dos 60 milhões de euros: não só o Sporting deixava de receber cerca de vinte milhões, como os principais rivais iam ganhar em torno de 40 milhões... e aumentar o fosso para o Sporting.

Dois anos depois de ser eleito, a equipa nunca entrou na Liga dos Campeões. Nem sequer ficou perto. Na última época, por exemplo, acabou em quarto, a dezassete pontos do segundo lugar.

Mas há mais. Nas duas últimas épocas o Sporting foi eliminado por Alverca da Taça de Portugal e por Basaksehir da Liga Europa, foi goleado pelo Benfica e derrotado por Famalicão (duas vezes), por Rio Ave (duas vezes), por Gil Vicente, por Estoril, por Tondela, por Portimonense (já para não falar, obviamente, em FC Porto, Benfica e Sp. Braga).

Para cúmulo de tudo isto, acabou impedido de entrar nas competições europeias desta temporada, no fim de uma goleada sofrida em casa perante o... LASK Linz.

A derrota de ontem, aliás, trouxe-me à memória as maiores humilhações dos anos noventa. As derrotas com Grasshoppers e Casino Salzburgo, e a goleada sofrida em Viena, perante o Rapid.

Não duvido que Frederico Varandas é um enorme sportinguista e tem as melhores intenções. Não duvido também que se mantém cheio de força para fazer história. Mas nesta altura isso não chega.

É verdade que há atenuantes: entrou num momento terrível e encontrou um clube financeiramente à beira do abismo. Mas entretanto passaram dois anos, Frederico Varandas gastou 65 milhões de euros em contratações e o Sporting continua a definhar: de humilhação em humilhação.

No último fim de semana os associados chumbaram o Relatório e Contas, cuja votação a favor teve até uma percentagem inferior à que Frederico Varandas recolheu nas eleições.

Tudo isto nos transmite que o Sporting está dividido, deprimido e moribundo.

Alguma coisa tem de ser feita.

Antes de mais o clube precisa de paz, para ter tempo e disponibilidade para mudar. Precisa também de voltar a ter os adeptos do seu lado: adeptos militantes, de corpo inteiro com a equipa. Precisa por fim de envolver o clube numa bolha de sonhos e ilusões.

A capacidade de sonhar é muito importante: e neste momento não há em Alvalade essa faculdade, ninguém fantasia com grandes vitórias, o que é normal porque o clube anda deprimido.

Como se muda isto tudo? Dando a voz aos sócios. Pode ser numa eleição ou numa moção de confiança, mas é preciso devolver a voz aos associados. Que até podem escolher manter esta direção. Ou não. Importante é que, seja qual for a decisão, essa seja legitimada pelos sócios.

Ou alguém acredita que é possível prosperar nesta paz podre?