Não é de hoje, mas Milan e Inter continuam em queda livre.

Os dois gigantes italianos, cada um com 18 scudettos, podem ficar fora das provas europeias. Os rossoneri são décimos-primeiros, os nerazzuri ocupam o oitavo posto, com maiores possibilidades de se qualificarem para a Liga Europa do que os rivais, mas ainda assim em risco.

Para o Milan não será novidade, uma vez que já ficou de fora este ano. O Milan das sete Taças dos Campeões Europeus nem à Liga Europa foi e ainda não parece que seja desta que lá vai voltar.

A Juventus não tem rival em Itália, e quem pisa mais perto são Roma e, ultimamente, Lazio. Na classe média estarão Nápoles, Fiorentina e Sampdoria, com o Génova à espreita. Inter e Milan estão abaixo disso.

O calcio está hoje mais pobre, longe do poderio dos anos 80 e 90 também porque, neste momento, para lá da Juventus o resto é (quase) paisagem. Falta de dinheiro, muitos erros de casting e um Calciopoli que manchou o jogo contribuíram em parte para o estado do futebol italiano.

O principal réu da corrupção italiana soube renascer. Recuperou terreno e ganhou nova distância para quem cresceu em cima das suas cinzas (Inter) e para quem não soube aproveitar a penalização menor por falta semelhante (Milan). Desceu à Serie B, e reconstruíu-se. Pensou à medida dos objetivos, sempre crescentes, e voltou a estar no topo, bem acima dos outros.

Onde está o Milan de Maldini, Baresi, Boban, Savicevic, Weah, Rijkaard, Gullit e Van Basten?

O Inter dos três alemães Brehme, Matthaus e Klinsmann? E, depois, de Zanetti, Sneijder e Milito, potenciados por Mourinho?

Não existem. Vivem há demasiado tempo presos no passado, e não há forma de mostrar que de lá querem sair. 

P.S. Um post scriptum para Lopetegui e Jesus, porque é o que vale o discurso de ambos nesta fase do campeonato. O espanhol continua, de forma inqualificável, a pôr em causa tudo o que seja árbitros do adversário (a que não conseguiu marcar um golo esta época) e a legitimidade do campeonato em que participa. Já o português, naquele seu jeito particular e peculiar, não consegue pôr um ponto final na discussão. Porque é disso que a discussão precisa. Um ponto final.

LUÍS MATEUS é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».