Até um caso ser julgado e existir uma sentença mantém-se a presunção de inocência. É um direito que assiste a todos.

Do que o Benfica já não se livra é da imagem poluída, aqui e para lá das fronteiras.

O e-toupeira é também mais um golpe profundo no futebol português, depois de o processo Apito Dourado ter atravessado quatro anos, entre 2004 e 2008, e ter-se agarrado como cola ao FC Porto e às mais altas instituições nacionais.

Não há forma de o clube da Luz livrar-se da mancha que fica, ainda mais quando o processo avança para os tribunais, com o Ministério Público a acreditar que pode conseguir uma condenação por vários crimes, incluindo o de corrupção.

A ser condenado, o Benfica poderá ficar ainda proibido de competir por um período que vai dos seis meses aos três anos, com consequências desastrosas a todos os níveis. Ficaria igualmente aberta a porta para que a justiça desportiva atue sobre alguns dos títulos conquistados no período em causa.

Serão os tribunais, como em todos os Estados de Direito, que decidirão da culpa ou inocência da SAD dos encarnados e também do assessor Paulo Gonçalves. Parece-me que, até aqui, Luís Filipe Vieira e pares encararam o caso – e não só este – e as possíveis consequências com demasiada leveza. A situação é real e deverá preocupar seriamente todos os dirigentes, treinadores, atletas e adeptos.

Já não é caso de esperar que a tormenta passe. Nunca o terá sido, mas ainda menos agora.

Ganha cada vez mais força a ideia de que o clube da Luz, direta ou indiretamente, ultrapassou várias vezes durante os últimos anos o que é normal e ético, e se meteu por caminhos que não eram os mais corretos. Daí à prova de crime, passando pela própria abrangência de um eventual crime, é um caminho ainda longo para a justiça, e uma luta que se prevê acérrima para o Benfica a partir do banco dos réus.

Para já, para o emblema da Luz, a única certeza é que uma das próximas grandes batalhas acontecerá num campo que nunca devia ter pisado.